Bruno Maranhão: Fundação pode ajudar no debate sobre a transição ao socialismo
Estes 15 anos de existência da Fundação Perseu Abramo teve muita importância, não só para ajudar na formação ideológica na esfera partidária, política como também tem papel importante para a sociedade. Acho que é um instrumento de capacitação, de preparação e formação que tem que multiplicar sua ação para se transformar num instrumento mais poderoso.
Hoje na sociedade existe uma despolitização muito grande e a importância do desenvolvimento da questão cultural ligada a um projeto socialista, de disputa da hegemonia com a classe dominante. Inclusive em vários temas. Poderia pegar um, como reforma agrária, que vive um novo ciclo, pois o velho inimigo não é latifúndio, mas é o moderno agronegócio, uma reforma conservadora do escravismo colonial. E muita gente está enganada. Pensa que avançou o país no campo e o que se percebe é monopólio da terra, do grande latifúndio. O Brasil é um país com 150 milhões de quilômetro quadrados, a maior quantidade de terra agricultável do mundo, também com o maior índice de concentração de terra do mundo e se tem um índice de produtividade agrícola de 1976, enquanto existe a Embrapa altamente avançada. A grande mídia entra aí com um processo de colocar que isso é modernidade, quando não é. Isso é responsável pelo trabalho escravo, pela não democratização da terra, pela produção na base de transgênicos e veneno. Enquanto a humanidade todinha quer o produto da reforma agrária, o produto da agricultura familiar e comunitária, que é o produto orgânico, livre de agrotóxicos.
Então esse é um tema. Tem outros, como a questão da mulher, da juventude, da política num plano mais geral das instituições, da modernização. Inclusive, o que acho fundamental, é como faremos um debate – uma sugestão que dou aos companheiros e companheiras que estão à frente da Fundação Perseu Abramo – é a discussão da transição ao socialismo. O eixo da luta da disputa política hoje é o fim da pobreza e a reforma agrária é importante neste plano. Mas como é que vamos sair de um processo em que a gente ainda tem que fazer o assistencialismo, que na pática é isso e é uma necessidade, e não se transforma a estrutura? É uma discussão que sugeriria que seria um tema importante: o partido não ficar só discutindo eleições, só processos mais superficiais de quem vai ser o presidente, mas que a gente foque em questões nas quais a Fundação tem sido instrumento muito grande para compor o quadro de disputa ideológica dentro da sociedade com as pessoas conservadoras e retrógradas.
Parabéns à Fundação Perseu Abramo, a todas companheiras e companheiros que estão à frente, vamos jogar fundo e vamos avançar esse processo de transformação de nosso país.
*Bruno Maranhão, membro do Diretório Nacional, PT/Pernambuco.