Jarbas Juarez
Depoimento coletado pelo Laboratório De Pesquisa Histórica do Instituto De Ciências Humanas e Sociais/Universidade Federal de Ouro Preto.
Depoimento de Jarbas Juarez* – Projeto "Estudantes, Universidade e a Contribuição ao Patrimônio Histórico e Artístico de Ouro Preto"
Entrevistador: Otávio Luiz Machado/Depoente: Jarbas Juarez/Loc al: Belo Horizonte-MG/Data: 12/02/2003.
Ficha técnica
Entrevistado: Jarbas Juarez
Tipo de entrevista: Temática
Entrevistador: Otávio Luiz Machado
Levantamento de dados e roteiro: Otávio Luiz Machado
Conferência, leitura final e notas de rodapé: Otávio Luiz Machado
Elaboração de temas: Otávio Luiz Machado
Local: Belo Horizonte-MG
Data: 12/02/2003.
Duração: 1 h 30 min aprox.
Fitas cassete: 2
Proibida a publicação no todo sem autorização. Permitida a citação. A citação deve ser textual, com indicação de fonte. Permitida a reprodução.
Norma para citação
MACHADO, Otávio Luiz (org.). Depoimento de Jarbas Juarez a Otávio Luiz Machado. Ouro Preto: Projeto "Estudantes, Universidade e a contribuição ao patrimônio histórico e artístico de Ouro Preto" , 2003.
Otávio Luiz Machado: Qual foi a sua experiência em Ouro Preto?
Jarbas Juarez: A princípio, de 60 a 64 eu trabalhava na Revista Alterosa. Eu trabalhei com publicidade. Com o fechamento do Departamento de Artes eu resolvi mudar em Ouro Preto em 66. Fazer o quê em Ouro Preto? Eu vou pintar. E fui para Ouro Preto sem lenço e sem documento. Arrumei uma casa lá. E fiquei lá nessa casa sem dinheiro e sem nada, porque eu não vendia. O que eu pintava o turista não comprava. E aquela casa perto do Calabouço. Ficava lá. E gente que não tinha a fazer em Ouro Preto ia pra casa, dormia num colchão velho que tinha lá graças ao João Fortes, que era um dos donos do restaurante Pilão. O Roni também me apoiou. Eles me deram um apoio muito grande. Nesta época tive um apoio muito grande do Nélio Nunes e do Jader Barroso. Eu acho que foram meus colegas que também me incentivaram, e me deram muito apoio em Ouro Preto. E ali eu fiquei durante uns dez meses. Até que eu voltei e vim dar aulas aqui na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Fiquei na UFMG vinte e oito anos. E me aposentei para ter mais liberdade para me dedicar mais ao que eu gosto de fazer, que é pintar e desenhar. E é o que eu tenho feito.
E a importância do Festival de Inverno da UFMG para a cultura brasileira?Culturalmente eu acho que o Festival de Inverno foi uma das coisas mais importantes que já teve como questão em Minas Gerais e no Brasil. Principalmente, no meu ponto de vista, os sete primeiros festivais de inverno, porque eram de caráter internacional. Eram inovadores. Eu tinha alunos de cinco ou seis países que freqüentavam os cursos da gente. E não só os nossos cursos, mas a participação que a gente tinha diante dos outros cursos. A quantidade de teatro, de peça e de música que apresentavam. A participação e a interação que existia das artes plásticas com a música, com a dança e aquele negócio todo. E no meio da rua também. E de repente Ouro Preto virou um foco da cultura brasileira. Em outros lugares, o Festival não tem aquele clima de festival, de interação entre aluno e professor, de agitação de sair, cantar e agitar. Eu acho que é mais acomodado. Mas enfim a cultura tem que ser espalhada. Ela não pode ser concentrada.
E o regime militar implicava em alguma interferência nos rumos do Festival?O Festival foi criado na época da ditadura militar. Você imagina. Existia liberdade de expressão, mas não existia liberdade da palavra, porque você era vigiado o tempo. Aonde você ia tinha gente que te vigiava. Então, parecia que o Festival e os alunos disfarçavam isso. Tentava cobrir este regime maluco e regime de escuridão que nós vivemos vinte e um anos. No lugar que mais precisava de liberdade você tinha uma liberdade vigiava. Então, isto não é liberdade. E o Festival tentava passar por cima disso. Mas a todo o momento nós sabíamos que a vigilância dos militares estava presente.
* Parte do depoimento integral – e-m ail de contato: [email protected]