A sua atividade me impressiona. E me faz pena. Veja se me entende. "(…) Gratíssimo pelas suas providências tão rápidas, geniais. Vou ficar aguardando e, se você me permite o palavrão, prelibando a chegada da tese da Adélia sobre o Álvaro Lins [no dia anterior, Otto Lara Resende havia pedido a Carlito que localizasse e enviasse para ele um exemplar da tese de Adélia Bolle sobre o escritor Álvaro Lins que tratava, num trecho, da "migração interior": "a pessoa não emigra para fora da sua cidade, nem do seu país, mas para dentro de si mesma. Fecha-se totalmente para o mundo e apresenta uma máscara de conformismo"].

Quanto à migração interior, seu belo texto cai muito bem. Você, com esse temperamento participante, generoso, nesse ímpeto de jogar-se, gastar-se, Quixote, você a última coisa que faria era migrar para dentro. Você não imigra. Você emigra. Pula, salta, atira-se.

Eu é que, mineiro de beta funda, beta esgotada, pobre, sem ouro, ex-outro, miséria post-aurífera, eu sou do fundo de beta (ou de gaveta). Defeito tremendo.

Vi o resto da sua correspondência – Nelsinho Motta, Chacrinha, tudo que prova a sua disposição felina, de tigre.

Tem Minas e mineiro pra tudo. Inclusive para as suas grandezas e temeridades"

Otto Lara Resende (22/10/75)

"A sua atividade me impressiona. E me faz pena. Veja se me entende. Você não pode ficar assim, de veias abertas, dando-se com essa generosidade maluca. Você precisa poupar-se um pouco, desacelerar, diminuir o ritmo, cuidar também de você. A justiça começa em casa, diz São Paulo."

Otto Lara Resende (6/2/76)

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