“Ninguém está muito bem nesses dias”. Essa é uma percepção cotidiana de muita gente sobre a saúde mental das pessoas durante o período de pandemia. Somada a esse sentimento, a Revista Reconexão Periferias  aproveita o 10 de setembro, dia mundial de prevenção ao suicídio, para fazer uma reflexão sobre saúde mental, a partir de uma perspectiva social, coletiva e das periferias.

Em artigo, Leonardo Pinho e Ana Pitta defendem que todo cidadão brasileiro deve ter direito ao atendimento psíquico humanizado acolhedor e livre de qualquer discriminação (CF, 1988). Afirmam que há quatro décadas o Brasil iniciou uma reforma psiquiátrica antimanicomial, com grandes conquistas para os usuários do Sistema Único de Saúde. Contudo, o que vemos agora é a derrocada da política de Saúde Mental prescrita na Lei Federal 10.216/2001(Lei da Reforma), além de vários outros retrocessos durante esses últimos 4 anos de gestões antidemocráticas.

Filipa Brunelli, transvereadora de Araraquara (SP), escreve sobre saúde mental e a população LGBTQIA+, alertando que a LGBTQIfobia é um forte fator de adoecimento mental e causa de suicídios. Ela ressalta ainda a importância da reflexão sobre o direito à existência e à integralidade de todas as vidas.

Na entrevista do mês, temos o psicólogo e pesquisador Marcos Amaral, integrante do Instituto Amma – Psique e Negritude. Marcos destaca que o adoecimento psíquico é causado pelos problemas de injustiça social à nossa volta, como desemprego, fome e falta de moradia. E ainda, refletindo o racismo e os preconceitos de toda a sorte, esses problemas são mais intensos para negros, LGBTQIA+ e para a classe trabalhadora como um todo. Para ele, a melhor terapia é a luta social.

Na sessão Novos Atores, apresentamos Bia Caminha, negra, bissexual, feminista e a vereadora mais jovem eleita em Belém (PA). Ela afirma que não existe nada mais prioritário do que defender o direito de viver. E que é urgente a construção de políticas públicas e de conscientização da população.

A seção Perfil traz a história do Grupo Anjos da Rua, que reúne voluntários na luta pelo direito a dignidade e ressocialização das pessoas em situação de rua. Para isso, oferece alimentação e outros tipos de apoio a partir das necessidades das pessoas atendidas.

Esperamos que essa edição da Revista possa contribuir para a reflexão de um tema tão importante e muitas vezes tão negado às periferias brasileiras. Viver com saúde, incluída aqui a saúde mental, é um direito, de todos, todas e todes!

Boa leitura!

 

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