Nesta segunda-feira, 24 de maio, o programa Pauta Brasil debateu a fome, que tem sido grande preocupação de muitas e muitas famílias. Depois do golpe de 2016 e com as ações do governo Bolsonaro o país voltou ao mapa da fome no mundo.

Com mediação de Artur Araújo, da Fundação Perseu Abramo, o programa ouviu dois especialistas no assunto: José Graziano da Silva agrônomo, diretor geral do Instituto Fome Zero, ex-ministro extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome, e Simão Pedro, sociólogo e secretário de movimentos sociais e setoriais do PT/SP.

Simão Pedro falou sobre a má gestão de Bolsonaro e Paulo Guedes, a volta do país ao mapa da fome. “Ficou muito claro que com o fim do Auxílio Emergencial, a situação piorou e agravou mais ainda a fome”, disse.

O professor Graziano lembrou apesar de o Brasil ter sido o único país a acabar com a fome em pouco tempo, como ocorreu no governo Lula, “a situação piorou”. Ele apresentou uma série de gráficos com dados de dezembro de 2020 sobre evolução da fome no país: um de cada cinco brasileiros passa fome hoje.

A situação que já era grave, piorou com a pandemia. Hoje, um de cada três nordestinos passa fome, “me lembra os piores momentos de fome na África”, lamentou. “E quem não passa fome, come mal”, explicando mais sobre segurança alimentar. Ele mostra com seus dados que o Brasil todo passa fome hoje. “Há 73 milhões de pessoas que comem mal no país. Nunca vi números parecidos”, explicou.

Graziano insistiu que não faltam alimentos, “mas sim dinheiro no bolso da população para poder consumir e se alimentar”. Também falou sobre as dificuldades para plantar o próprio alimento, o aumento da fome de acordo com gênero e raça e que no campo, “só a Casa Grande não sofre insegurança alimentar”. Também falou sobre a agricultura que não gera emprego e renda, mas commodities para o grande capital e que foi o aumento do salário mínimo nos governos Lula e Dilma que gerou melhor alimentação.

Graziano apresentou soluções para conter a fome: Auxílio Emergencial com valor maior, “nesse momento de crise precisa de campanha de arrecadação e distribuição, o Fome Zero também começou com uma campanha assim, dar de comer a quem tem fome”, lembrou. Abolir o teto de gastos também foi citado como algo que precisa acabar. E a retomada de canais participativos: “quem acaba com a fome não é o governo, é a sociedade, precisamos enfrentar juntos, com coordenação dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Conseas) estaduais e municipais”. Boa educação alimentar e acesso a produtos naturais e saudáveis, principalmente para crianças, conter os comerciais de alimentos processados também estão na lista de ações urgentes citados por ele.

Assista aqui a íntegra do programa e conheça os demais números das pesquisas que Graziano apresentou. Má alimentação, carência nutricional, aumento da pobreza com a pandemia e da obesidade foram também elencados por ele: “um terço dos brasileiros come mal, corremos risco de sair da pandemia como um país de obesos”.

 

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.

Governo Bolsonaro e pandemia aumentam a fome e insegurança alimentar do país