A Fundação Perseu Abramo (FPA) transmitirá no dia 5 de maio, às 15 horas, a aula pública Milton Santos: filósofo engajado, ministrada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Betioli Contel. A aula será transmitida pelo canal da FPA no YouTube e Facebook.

Fabio Betioli Contel é geógrafo formado pela Universidade de São Paulo (1994), onde fez também seu mestrado e doutorado em Geografia Humana. Foi  professor/pesquisador visitante (Gastwissenschaftler) na Friedrich-Schiller-Universität Jena (Alemanha) no ano de 2007. Desde 2008 é docente do Departamento de Geografia da FFLCH/USP. Realizou estágio de pós-doutorado (Academic Visitor) na The School of Geography da University of Oxford (2017/2018). É o atual diretor da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção São Paulo (AGB/SP).

A aula celebrará os 95 anos de Milton Santos, nascido em 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia. Graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e fez doutorado em Geografia na Universidade de Strasbourg, França.

Preso em 1964 em decorrência da perseguição política da ditadura militar brasileira, foi para o exterior onde lecionou em universidades da Venezuela, Estados Unidos, Canadá, França e Tanzânia. Volta ao Brasil em 1977 e, no ano seguinte, passa a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Após uma breve passagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, volta a lecionar na USP, dessa vez na Faculdade de Geografia. Nessa instituição recebeu em 1997 o título de professor emérito. As homenagens não ficam restritas ao Brasil, Milton Santos é reconhecido internacionalmente. Foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio Vautrin Lud de Geografia, na França, considerado o “Nobel” da Geografia. Além desses, também recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa de 20 instituições, entre elas nas universidades de Toulouse, Buenos Aires, Madri e Barcelona.

Milton Santos ficou conhecido pelos seus estudos sobre a urbanização e desenvolvimento social nos países considerados “subdesenvolvidos”, noção essa criticada pelo intelectual, que propunha um novo entendimento sobre o conceito de espaço para além dos estabelecidos entre centro e periferia e países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Crítico do eurocentrismo, argumentava que essas limitações do pensamento intelectual que vê o mundo a partir da Europa retira do nosso campo de visão a maior parte da humanidade. Sua pesquisa sobre globalização mostra esse fenômeno enquanto causador de contradições e injustiças sociais na ordem capitalista vigente.

Com mais de quarenta obras publicadas, possui brilhante produção acadêmica e bibliográfica. Santos possuía um pensamento político engajado. Ao tecer críticas contundentes à desigualdade social, à democracia de mercado, defendia um projeto alternativo de desenvolvimento social e político. De forma geral, Santos argumentava sobre a necessidade de se entender a grandeza de um país a partir da forma como ele se ocupa de seus habitantes, da população, tendo o homem como ponto de partida e não o dinheiro ou o mercado. Além disso, considerava importante levarmos em conta a economia urbana e as realidades locais como ponto de resistência dentro da globalização excludente. Para ele, não é possível pensar em um só caminho de desenvolvimento para todos os países, como se a fórmula política social e econômica de um fosse eficiente para os demais. Para Milton Santos há um mundo movendo-se de baixo para cima e, esse fenômeno aponta para a possibilidade de produção de um projeto social alternativo.

Milton Santos faleceu no dia 24 de junho de 2001 aos 75 anos, em São Paulo.

Aula pública sobre Milton Santos celebra 95 anos de seu nascimento