Aula pública sobre Milton Santos celebra 95 anos de seu nascimento
A Fundação Perseu Abramo (FPA) transmitirá no dia 5 de maio, às 15 horas, a aula pública Milton Santos: filósofo engajado, ministrada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Betioli Contel. A aula será transmitida pelo canal da FPA no YouTube e Facebook.
A aula celebrará os 95 anos de Milton Santos, nascido em 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia. Graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e fez doutorado em Geografia na Universidade de Strasbourg, França.
Preso em 1964 em decorrência da perseguição política da ditadura militar brasileira, foi para o exterior onde lecionou em universidades da Venezuela, Estados Unidos, Canadá, França e Tanzânia. Volta ao Brasil em 1977 e, no ano seguinte, passa a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Após uma breve passagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, volta a lecionar na USP, dessa vez na Faculdade de Geografia. Nessa instituição recebeu em 1997 o título de professor emérito. As homenagens não ficam restritas ao Brasil, Milton Santos é reconhecido internacionalmente. Foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio Vautrin Lud de Geografia, na França, considerado o “Nobel” da Geografia. Além desses, também recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa de 20 instituições, entre elas nas universidades de Toulouse, Buenos Aires, Madri e Barcelona.
Milton Santos ficou conhecido pelos seus estudos sobre a urbanização e desenvolvimento social nos países considerados “subdesenvolvidos”, noção essa criticada pelo intelectual, que propunha um novo entendimento sobre o conceito de espaço para além dos estabelecidos entre centro e periferia e países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Crítico do eurocentrismo, argumentava que essas limitações do pensamento intelectual que vê o mundo a partir da Europa retira do nosso campo de visão a maior parte da humanidade. Sua pesquisa sobre globalização mostra esse fenômeno enquanto causador de contradições e injustiças sociais na ordem capitalista vigente.
Com mais de quarenta obras publicadas, possui brilhante produção acadêmica e bibliográfica. Santos possuía um pensamento político engajado. Ao tecer críticas contundentes à desigualdade social, à democracia de mercado, defendia um projeto alternativo de desenvolvimento social e político. De forma geral, Santos argumentava sobre a necessidade de se entender a grandeza de um país a partir da forma como ele se ocupa de seus habitantes, da população, tendo o homem como ponto de partida e não o dinheiro ou o mercado. Além disso, considerava importante levarmos em conta a economia urbana e as realidades locais como ponto de resistência dentro da globalização excludente. Para ele, não é possível pensar em um só caminho de desenvolvimento para todos os países, como se a fórmula política social e econômica de um fosse eficiente para os demais. Para Milton Santos há um mundo movendo-se de baixo para cima e, esse fenômeno aponta para a possibilidade de produção de um projeto social alternativo.
Milton Santos faleceu no dia 24 de junho de 2001 aos 75 anos, em São Paulo.