Passados três anos da maior farsa jurídica-midiática do país, o programa Pauta Brasil desta quarta-feira, 7 de abril, debateu as consequências políticas da prisão de Lula. Estiveram presentes João Paulo Rodrigues, Luiz Carlos Rocha e Roberto Requião. A mediação do programa foi de Elen Coutinho, diretora da Fundação Perseu Abramo.

Luiz Carlos da Rocha é advogado, mestre em Direitos Fundamentais e Democracia pela Unibrasil. Para ele, o “objetivo da Lava Jato com a prisão do ex-presidente Lula seria liquidar o PT”. Mas “eles não imaginavam a densidade e tamanho do PT e do ex-presidente Lula”.

Apesar de toda ilegalidade, disse ele, não seria possível tirar o maior partido de esquerda e sua maior liderança da vida pública. E acredita que “as coisas ficaram claras com a ida de Sergio Moro para o ministério” e que a prisão injusta gerou a conjuntura que estamos vivendo hoje, com Bolsonaro eleito presidente.

“O que podemos comemorar hoje é que o projeto de destruir Lula e o PT foi derrotado. Agora temos que partir para os debates de como faremos no futuro. Já estamos às portas de nova eleição presidencial. A situação do país piorou, mas a do campo democrático está melhor depois que Lula foi solto”, disse.

O senador Roberto Requião voltou no tempo até o surgimento do nazismo e todas ações que fizeram a construção da social-democracia, o fim da ex-União Soviética e o início da luta dos grandes capitais contra os Estados nacionais. Elencou questões como os altos preços de campanhas políticas, a “precarização do legislativo”, a “precarização do trabalho”, com o fim dos direitos trabalhistas e alertou para os perigos do domínio do capital financeiro.

O senador defendeu que há erros e acertos no governo do ex-presidente Lula. “Mas o que vimos nesse processo, é que para esse pessoal do capital financeiro, Lula não era tão palatável para eles. Cedemos algumas questões e aí veio a carga brutal da mídia de demonizar a política”, explicou.

Apesar dos acertos, como a política de aumento do salário mínimo e a atuação brasileira com Celso Amorim no Itamaraty, “o caminho era a desmoralização da política e Lula era o alvo. Tenho uma admiração profunda por Lula e não há nenhuma prova, do começo ao fim, de que ele estivesse envolvido com corrupção”, reafirmou Requião.

Ele acredita que “a oportunidade do Lula brilhar agora é inquestionável. Mas tenho esperança que ele elabore um projeto nacional”, com pontos como valorização dos trabalhadores, dos direitos, reversão de privatizações, entre outros. “Não podemos fazer acordos com banqueiros, estamos nessa briga pelo povo brasileiro e não podemos fazer acordo com quem botou Lula na cadeia”, disse.

João Paulo Rodrigues é da coordenação nacional do MST, participou do programa direto do Pontal do Paranapanema (SP), e para ele, o Movimento Sem-Terra quer debater como sair do modelo econômico capitalista, construindo um novo projeto de país, com distribuição de renda e riqueza, “um Brasil nação”, defendeu.

Rodrigues relembrou os retrocessos resultados do golpe contra a ex-presidenta Dilma e defendeu o papel do Estado para conter a pandemia e a fome. “Não podemos aceitar que a sociedade tenha deixado ocorrer o golpe contra a Dilma e a prisão do Lula”. Para ele, a participação popular é fundamental e que apesar de estarmos distantes da eleição, ela se aproxima e será discutida amplamente.

“O Fora Bolsonaro é uma construção de maioria na sociedade, comecem por suas famílias. Outro aspecto são os desgastes que temos que denunciar todos os dias, os desmandos não só por conta da pandemia mas pela crise toda. E explicar para quem não entendeu que este é um governo fascista e militarizado, que não tem compromisso com o povo brasileiro”, propôs, também lembrando que é necessário denunciar as quatro mil mortes diárias, apoiar os governadores e prefeitos na luta pela vacina e empenhar “todos os esforços para vacinar todo nosso povo”. A fome e o emprego também foram preocupações que ele apontou como urgentes para este momento.

Encerrou sua participação com animação: “a esperança para nós tem nome e é Lula, em 2022”, disse, apresentando uma proposta de uma grande união de forças populares. “A prisão de Lula foi péssima para o povo brasileiro”, o Brasil deixou de ser a sexta economia do planeta, a fome e o desemprego voltaram e a pandemia não pode ser contida pelo desgoverno Bolsonaro.

Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.

 

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.

 

Pauta Brasil: prisão de Lula foi retrocesso para o país