Mulher&Mídia: Campanhas e candidaturas de mulheres
O tema da terceira mesa do seminário A mulher e a mídia, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 02 e 04 deste mês foi a campanha eleitoral e a candidatura de mulheres no Brasil. A socióloga Clara Araújo, professora da UERJ e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero, apresentou dados preliminares da pesquisa de acompanhamento das eleições 2010 realizada pelo consórcio Berta Lutz e que será divulgada na íntegra em março de 2011. Uma das conclusões preliminares é a concentração das candidaturas femininas em nomes com viabilidade eleitoral. Ela citou o exemplo da deputada federal Ana Arraes que foi eleita em Pernambuco com 90% dos votos dados às cinco candidatas. Esse critério de lançar nomes femininos com viabilidade de eleição não se aplica aos candidatos homens, segundo Clara.
Em 2010, dos 163 candidatos aos governos estaduais, somente 18 eram mulheres (11%). E dos 241 candidatos ao Senado, somente 32 eram mulheres. A pesquisa também apontou que uma candidata que já exerce um mandato de deputada estadual tem chances 23 vezes maiores de se eleger em relação às que se candidatam pela primeira vez; para as deputadas federais, a chance é de 16 vezes.
Mais gastos para serem conhecidas
A relação entre financiamento das campanhas e sucesso eleitoral na perspectiva de gênero foi abordada pela cientista política Teresa Sacchet, pesquisadora Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP e participante da pesquisa do consórcio Bertha Lutz. Para Sacchet, as candidatas afirmaram que a distribuição dos recursos entre os candidatos homens e candidatas mulheres é diferenciado e que elas precisam gastar mais para se fazer conhecidas e ter sucesso eleitoral. Isso se dá, segundo a pesquisadora, porque a história das mulheres na política ainda é recente. Isso pode ser observado no baixo percentual de 8,8% de mulheres eleitas no Brasil, o que coloca o país em situação de desvantagem em relação a outros como a Argentina e a Costa Rica (38%).
Sachett também falou sobre os resultados eleitoras de 2010: as mulheres eram 21% do total dos candidatos às Assembleias Legislativas e 12,9% foram eleitas ; elas eram 19,1% do total de candidatos às Câmaras Municipais e 8,8% foram eleitas; ao Senado, elas eram 12,7% e foram eleitas 14,8% . A pesquisadora apresentou também um mapa de arrecadação dos partidos e enfatizou que PT e PSDB estão entre os maiores arrecadadores e que as mulheres têm mais chances se concorrerem por quatro partidos.
Para a socióloga Albertina Costa, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e diretora do Instituto Patrícia Galvão, é importante observar o elevado número de homens que são ministros de Estado, governadores, poucas são as mulheres. Ela também lembrou que de todas as mulheres da AP (Ação Popular) citadas no livro Por um triz – Memórias de um militante da AP, de Ricardo de Azevedo, nenhuma ascendeu à política.
Atualizado em 10/12/2010