A Belarus, antigamente conhecida como Bielorússia, é um país de 9,5 milhões de habitantes cuja capital é a cidade de Minsk e se situa entre os Países Bálticos, Polônia, Rússia e Ucrânia. Fez parte da antiga União Soviética, teve 25% de sua população morta durante a Segunda Guerra Mundial, particularmente a comunidade judaica foi dizimada pelos nazistas, e, com a Federação Russa e a Ucrânia, igualmente partes da URSS, foi um dos países fundadores da ONU em 1945.

O seu presidente atual, Aleksandr Lukashenko, foi eleito depois do fim da URSS pela primeira vez em 1994 em eleições consideradas livres e justas pelos observadores internacionais, porém desde então foi “reeleito” cinco vezes com percentuais sempre superiores a 80%, 90% em processos altamente questionáveis, onde nunca se viabilizou uma oposição consistente para enfrentá-lo.

Desde que se tornou presidente governou a Belarus com “mão de ferro”, reprimindo opositores e organizações sociais, sindicatos incluídos, ou simplesmente cooptando-os de alguma maneira. Esse modelo implodiu agora após a recente eleição presidencial de 9 de agosto quando ele mais uma vez anunciou sua eleição com mais de 80% dos votos e grande parte da população começou a se manifestar contrária à visível fraude eleitoral e a pedir sua renúncia. Embora a repressão policial às manifestações de quase um mês continue e tenha causado cinco mortes, dezenas de desaparecimentos, centenas de feridos e cerca de 7 mil presos, há setores do aparato repressivo que começam a sentir desconforto com a situação.

A candidata da oposição que disputou a recente eleição presidencial, Svetlana Tikhanovskaia, uma ativista pelos Direitos Humanos, somente se candidatou quando seu marido, Siarhei Tsikhanouski, foi impedido de concorrer e agora ela está exilada na Lituânia.

O impasse que está posto é sobre a alternativa democrática e soberana para resolver a situação, pois a ausência de uma oposição partidária continua e a própria candidata Svetlana admite não ser política. Além disso, há uma questão geopolítica delicada, pois os países ocidentais da Europa e os EUA querem impulsionar a oposição à Lukashenko para trazer a Belarus sob sua influência, bem como da Otan, o que a Rússia e Vladimir Putin jamais aceitariam podendo intervir militarmente para impedir que o atual presidente caia. Não que Putin morra de amores por ele que, inclusive, tentou jogar com os dois lados para auferir benefícios, mas daí a permitir que a aliança ocidental chegue às portas de Moscou preferirá sustentar o ditador por mais impopular que este tenha se tornado.

A saída seria a realização de novas eleições livres e soberanas com tempo para os partidos políticos e candidatos se organizarem, com monitoramento internacional para assegurar sua lisura e a população de Belarus decidir seu futuro sem estar condicionada ao apoio ocidental a uma oposição inconsistente e à pressão militar de seu poderoso vizinho.

Kjeld Jakobsen é consultor da Fundação Perseu Abramo. O texto não reflete necessariamente a posição da instituição.

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