O seminário "Revitando a Era Vargas" foi encerrado nesta sexta-feira, dia 03/09, e contou com duas mesas de debates "Vargas e os militares" e "Cidadania e Direitos Sociais".
A primeira mesa, "Vargas e os Militares", contou com a presença de Sérgio Murillo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Maria Celina D’Araújo, pesquisadora do CPDOC-FGV, e João Quartim de Moraes, da Unicamp.

O seminário "Revitando a Era Vargas" foi encerrado nesta sexta-feira, dia 03/09, e contou com duas mesas de debates "Vargas e os militares" e "Cidadania e Direitos Sociais".
A primeira mesa, "Vargas e os Militares", contou com a presença de Sérgio Murillo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Maria Celina D’Araújo, pesquisadora do CPDOC-FGV, e João Quartim de Moraes, da Unicamp.
Sérgio Murillo apresentou um retrospecto das complexas relações entre Vargas e as Forças Armadas desde o período anterior à sua chegada ao poder e contestou noções consagradas na historiografia, como aquelas que falam na continuidade do movimento tenentista no período pós-1930. Maria Celina D’Araújo centrou sua análise no processo de profissionalização dos militares, iniciado no primeiro governo Vargas e concluído apenas após o golpe de 1964, demonstrando seus impactos de longo prazo sobre o sistema político brasileiro. João Quartim de Moraes dialogou com as exposições anteriores acrescentando elementos sobre a relação da esquerda com os diferentes setores das Forças Armadas no período.

A mesa da noite, "Cidadania e Direitos Sociais", contou com a presença de Ângela Maria de Castro Gomes, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do CPDOC/FGV, Elizabeth Cancelli, da Universidade de Brasília (UnB), e John D. French, da Duke University.

Ângela Maria de Castro Gomes apresentou uma sistematização das conclusões da historiografia social brasileira recente sobre a relação entre o governo Vargas e os direitos sociais. Essas análises contestam a visão tradicional sobre a passividade dos trabalhadores e apontam para a importância crucial das leis trabalhistas, reelaboradas e reinterpretadas na luta social, para a construção de uma noção de cidadania que, se limitada, não deixou de ser efetiva. Elizabeth Cancelli analisou em detalhes o significado simbólico do suicídio de Vargas e sua relação com toda a carga de violência que marcou o longo período histórico compreendido entre seus dois governos. Por fim, John D. French realizou uma exposição fartamente recheada de exemplos e dados empíricos demonstrando que, se a importância da legislação social varguista não pode ser menosprezada, tampouco pode ser idealizada, sob o risco das análises acadêmicas reproduzirem o próprio discurso propagandístico estatal do período. A imensa distância entre o texto da lei e os direitos efetivamente desfrutados, lembrou, não era casual, mas fazia parte do próprio cálculo político da elite política, assim como da cultura jurídica dominante no país.

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