O Sesc São Paulo apresenta, em 21 de agosto, os dados elaborados pela segunda edição da Pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade, realizada em parceria com a Fundação Perseu Abramo. A iniciativa, pioneira na área, apresenta uma série de dados sociodemográficos e investiga o imaginário social da população brasileira, com o objetivo de fornecimento de dados para pesquisadores, profissionais das áreas correlatas e interessados na temática, oferecendo também alicerces para o debate em torno da elaboração de políticas públicas voltadas para o envelhecimento.

A pesquisa consultou, entre 25 de janeiro e 2 de março de 2020, 4.144 pessoas, segmentadas em dois subgrupos: maiores de 60 anos e adultos entre 16 e 59 anos; em 234 municípios urbanos de pequeno, médio e grande portes, distribuídos nas cinco macrorregiões do país, e apresenta margem de erro de até 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.

A apresentação será durante o encontro Pesquisa Idosos no Brasil: segunda edição – o que mudou nos últimos 14 anos, que será transmitido ao vivo, no dia 21 de agosto, às 16h, pela série Ideias #EmCasaComSesc, no canal do Sesc São Paulo no Youtube. Participarão do debate as especialistas envolvidas no desenvolvimento da pesquisa, além do ilustrador Edinei Tadeu de Araújo, que criará imagens em tempo real, com objetivo de facilitar a compreensão dos temas abordados. Com Ioná Damiana, assistente técnica da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc São Paulo, Vilma Bokany, do Núcleo de Opinião Pública Pesquisa e Estudos da Fundação Perseu Abramo e Rachel Moreno, psicóloga e responsável pela pesquisa qualitativa.

O levantamento compara respostas de jovens e velhos das cinco macrorregiões do país e apresenta um novo olhar acerca das questões levantadas em sua primeira edição, lançada em 2006.  São 14 anos que separam a duas edições e aqui cabem as perguntas: algo mudou? Caso tenha mudado, o quê?

Uso da internet, autoimagem, moradia, relações familiares e laços afetivos, sexualidade, percepção da morte e solidão ‒ com ênfase no período de isolamento social ‒, são algumas das temáticas abordadas.

“É com muito entusiasmo que discutimos essa questão e aprofundamos esse tema com a Fundação Perseu Abramo, uma parceria de extrema relevância, considerando sua expertise no tema.”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo. E complementa: “Para essa segunda edição, alguns novos indicadores foram inseridos, como por exemplo a questão do preconceito contra o idoso, evidenciando essa tendência à estigmatização do vulnerável muitas vezes observada na sociedade. Para o Sesc São Paulo, os dados também indicam caminhos que devem servir de orientação para que a ação programática da instituição seja alicerçada em um conhecimento efetivo da realidade”.

Para Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, “nesse momento, em que os direitos trabalhistas, sociais e à aposentadoria são atropelados pelo neoliberalismo, a Fundação Perseu Abramo e o Sesc propuseram a parceria para a realização da segunda rodada da Pesquisa Idosos no Brasil. Os resultados desse estudo oferecem subsídios para alimentar o debate público em torno de importantes temas que dizem respeito à pessoa idosa.”

 

A velhice e a pandemia

Durante o período de isolamento social, a solidão ficou ainda mais latente para a população idosa. “Solidão, para mim, é uma das piores coisas”, diz uma das entrevistadas da pesquisa, 60 anos, moradora de Belém (PA). “Não é fácil viver sozinha, com os filhos longe, sem ninguém. Mas a gente vai tentando encontrar um jeito de se entrosar com as pessoas, sair de casa.” Mas sair de casa ficou mais difícil.

Os idosos fazem parte de um sensível grupo de risco da Covid-19, o que acaba forçando um isolamento social ainda mais intenso para essa população. Entre eles, a responsabilidade pela família é maior (63%) do que entre não idosos (43%). Além disso, 17% moram sozinhos, o que faz com que eles próprios necessitem sair para suas atividades cotidianas, compras, serviços bancários etc, ainda que conheçam os riscos. Mas, ao sair, muitos acabam se deparando com o chamado preconceito etário. Durante a pandemia, os velhos têm sido alvos frequentes de perseguição. Mais do que manifestações de cuidado, por serem considerados grupo de risco, o que se observa é a potencialização do preconceito que essa camada social sofre, além da privação de liberdade.

A pesquisa mostra que apenas um a cada quatro idosos recebem ajuda para realizar suas atividades fora de casa ‒ sendo que a maior parte dessa ajuda vem dos filhos. Entre a proteção e o controle, há necessidades que fazem com que os idosos precisem estar nas ruas.

Esporte, Lazer e Renda

A caminhada segue sendo a atividade física mais praticada, com 46% de adeptos. Em segundo lugar, a bicicleta, seguida da prática de alongamento. Os percentuais de cada atividade tiveram pequenas alterações entre o primeiro estudo, de 2006, e o atual. Um esporte que ganhou força entre os entrevistados foi o pilates (2%), citado pela primeira vez na pesquisa de 2020.

Já entre as atividades de lazer, as três mais citadas são: assistir à televisão, ouvir rádio e caminhar. Apesar disso, quando questionados sobre quais as atividades seriam as mais desejadas, viajar e passear aparecem em primeiro lugar. O motivo da diferenciação? A falta de dinheiro para realizar as duas últimas as tornam inviáveis.

Essa mesma dificuldade financeira aparece com ainda mais força quando observamos as perguntas sobre faixa de renda: enquanto entre os não idosos 57% possuem renda familiar mensal de até dois salários mínimos, entre os idosos 69%  estão nessa faixa de renda. Ao mesmo tempo, percebe-se redução nas faixas de renda mais altas ao longo desses 14 anos. Aqueles com renda entre 2 e 5 salários mínimos caiu de 30%, em 2006, para 24% em 2020. Já os que recebiam mais de 5 salários mínimos caiu de 11% (2006) para 7% (2020).

Um olhar sobre a morte

Cerca de 65% dos brasileiros afirma não ter medo da morte. Entre os idosos, o número salta para 78%. A principal justificativa é o fato dela ser “inevitável, lei da vida”.  O maior medo, na verdade, não é o da morte em si, mas da dor e do sofrimento: o grau de concordância com a frase, “não é da morte que tenho medo, mas sim de sofrer ou sentir dor”, chegou a 84% entre os entrevistados.

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