Começa seminário Revisitando a Era Vargas no Rio de Janeiro
Era Vargas em análise no Rio de Janeiro
Teve início nesta quarta-feira, 25/08, o seminário Revisitando a Era Vargas, promovido pela Fundação Perseu Abramo, CPDOC-FGV e Museu da República. A abertura do seminário foi feita por Selma Rocha, diretora da FPA, Marieta de Moraes Ferreira, diretora do CPDOC-FGV, e Ricardo Vieiralves, diretor do Museu da República.
Da esquerda para a direita: Selma Rocha, Marieta de Moraes Ferreira,
Alexandre Fortes e Ricardo Vieiralves, diretor do Museu da República. Foto: Vera Siqueira.
Todas as entidades presentes destacaram a importância da iniciativa da Fundação Perseu Abramo em capitanear um evento de caráter reflexivo de altíssima qualidade, imediatamente após o encerramento do ciclo de comemorações referentes aos cinqüenta anos do suicídio de Vargas.
No primeiro painel – "O Varguismo em Perspectiva Internacional" -, coordenado por Ricardo Vieiralves, o professor Michael MacDonald Hall, da Unicamp, apresentou uma discussão metodológica sobre a necessidade e as dificuldades de se fazer uma análise comparativa do regime Vargas. Daniel Aarão Reis Filho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolveu sua análise sobre o varguismo como uma forma particular de regime nacional-estatista. Já Francisco Carlos Teixeira da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), examinou a influência das condições colocadas no cenário internacional do período sobre os rumos adotados pelo regime de Vargas e a particularidade das respostas dadas por esse.
Já no segundo painel – "Cultura e Identidades" -, coordenada pela professora Marieta de Moraes Ferreira, a socióloga Lúcia Maria Lippi Oliveira, do CPDOC-FGV, examinou a estrutura institucional voltada à cultura montada ao longo do primeiro governo Vargas e a concepção de projeto nacional a ela subjacente. Maria Helena Capelato, da Universidade de São Paulo (USP), enfatizou o papel da obra literária e da ação de intelectuais como Cassiano Ricardo, autor de "Marcha para o Oeste", na própria definição do caráter do Estado Novo e sua política de preenchimento dos "vazios" do território como condição para a consolidação da nação brasileira. Por fim, Eliana Dutra, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou como esse projeto cultural vinha sendo formulado por redes de intelectuais republicanos desde as primeiras décadas do século, se consubstanciando posteriormente na coleção Brasiliana, dirigida por Fernando Azevedo, e concluiu que, portanto, não foi necessário ao Estado Novo cooptar os intelectuais, uma vez que acolhia o projeto por eles elaborado.