Emirados Árabes Unidos normalizam suas relações com Israel
O mundo foi surpreendido esta semana pelo anúncio de que foram concluídas as negociações entre os Emirados Árabes Unidos e Israel, intermediadas pelo governo dos Estados Unidos. A formalização da iniciativa deverá ocorrer em breve numa cerimônia a ser realizada na Casa Branca.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são uma federação de sete principados localizados na península arábica que se uniram na década de 1970 para formar um único país que hoje é o quarto maior exportador de petróleo do mundo, embora a produção se localize somente em Abu – Dhabi e Dubai. Os demais emirados são Sharjah, Ajman, Umm – al – Quwain, Ras – al – Khaimah e Fujeira.
A surpresa mundial se deve ao fato de as negociações terem ocorrido secretamente e o atual primeiro ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, cuidou para que seu parceiro de coligação governamental, Benny Gantz, somente tomasse conhecimento delas pela imprensa, uma vez que Netanyahu pretende tirar vantagens políticas do acordo, muito provavelmente convocando novas eleições antes de passar o bastão de primeiro ministro para Gantz previsto no acordo da coligação para ocorrer daqui a 18 meses.
Outro que pretende se beneficiar politicamente do acordo é Donald Trump. Embora o acordo não se transforme necessariamente em votos para sua reeleição, aumenta seu apoio junto ao lobby israelense nos EUA e trata-se também da única medida na sua política externa que ele poderá apresentar como positiva, pois até então somente acumulou divergências com aliados tradicionais dos Estados Unidos como os europeus, integrantes da OTAN, organizações das Nações Unidas, entre outros. Sem falar nas querelas que vem provocando com a China que não é um aliado.
Os perdedores nesta negociação foram os palestinos, pois sempre houve um entendimento geral no mundo árabe que a normalização das relações com Israel passa necessariamente pela solução da questão palestina com a devolução dos territórios ocupados, fim dos ataques e retorno dos refugiados. Até agora, os únicos países árabes que reestabeleceram relações com Israel tinham sido o Egito em 1978 e a Jordânia em 1994. Pode se imaginar que na sequência do acordo com os Emirados Árabes Unidos (EAU), outros emirados como o Kuwait e o Bahrein sigam a mesma tônica.
Embora para fortalecer o acordo Trump tenha anunciado a suspensão da ocupação de novos territórios palestinos por colonos israelenses, conforme previsto em seu “plano de paz” para a região, Netanyahu declarou que isso será apenas temporário. De qualquer maneira, os palestinos não foram consultados em nenhum momento e é inaceitável que outros países negociem os interesses de uma nação soberana. Uma resposta política da Autoridade Palestina foi a retirada de seu embaixador dos EAU.
Obviamente que a normalização das relações entre os países do Oriente Médio é desejável, mas ela somente se viabilizará realisticamente quando o problema fundamental for resolvido que é a divisão justa de um território onde vivia um povo e outro o ocupou como é o caso da Palestina, além de tratar sua população com justiça e decência.