Lula quer maior aproximação com América do Sul
Para Lula o país deve investir na construção de estradas, pontes, ferrovias, aeroportos e todo os meios que facilitem a integração comercial e de negócios.
Lula reiterou que não há porque estar isolado dos outros países. “Nós, na América do Sul, seremos mais fortes se unidos”, argumentou ele. “Não podemos disputar liderança, mas sim fazer parcerias”, concluiu, numa referência à rivalidade histórica entre Brasil e Argentina. “Ambos tiveram que chegar ao fundo do poço para perceber que, aos olhos do mundo, não somos líderes de nada.”
Para aumentar o poder de fogo dos países em desenvolvimento e combater as restrições comerciais impostas pelas nações ricas, a saída, de acordo com o presidente, é criar mecanismos de coalizão.
Para tanto, o governo pretende organizar, até abril do próximo ano, uma reunião de cúpula com os principais países em desenvolvimento para discutir políticas de combate à miséria e à fome e fazer frente às imposições norte-americanas e européias. Estariam nessa lista, segundo Lula, Índia, China, Rússia, México e Argélia. O país deve, também, buscar mais espaço no Oriente Médio. O presidente planeja fazer novas viagens aos países árabes para discutir possíveis acordos comerciais.
O presidente parabenizou a Fundação Perseu Abramo, organizadora do seminário que chamou de “essencial” para estabelecer uma discussão nacional sobre um plano de desenvolvimento. Órgão de estudos e pesquisas do PT, a fundação abre com o encontro um ciclo de debates sobre a realidade brasileira.
O objetivo, de acordo com o presidente da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira, é ir além da reflexão teórica: “Pretendemos debater a agenda do desenvolvimento, traçar metas e oferecer subsídios à construção do Plano Plurianual (PPA).”
Diálogo
Lula saudou o esforço feito pela fundação para deflagrar um processo de retomada do crescimento econômico por meio do diálogo com os diferentes setores da sociedade. “É indispensável ouvir todas as esferas do governo e da sociedade civil”, afirmou o presidente da República. “A estratégia não sairá de Brasília. Precisamos discutir muito, e com calma, para ver que desenvolvimento o país quer.”
O tema foi abordado ainda pelo ministro Luiz Dulci. Ele ressaltou as consultas feitas pelo governo federal para elaborar a proposta do PPA para o período de 2004/2007, que o Executivo tem de enviar ao Congresso até o final de agosto. “Mais de 2 mil entidades, entre organizações empresariais, sindicais, religiosas, científicas, de mulheres e tantas outras ligadas à sociedade civil, estão sendo ouvidas em fóruns estaduais”, informou. “E em todos os fóruns a grande ênfase é dada à questão da infra-estrutura.”
Dulci, ex-presidente da Fundação Perseu Abramo, se disse feliz por ver que a entidade “está não apenas continuando, mas ampliando significativamente” o trabalho que ele desenvolveu nos quatros anos em que esteve à frente da instituição. Manifestando a expectativa de que o seminário contribua para a formulação do PPA, ele completou: “Aguardamos ansiosos pelos resultados.”
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, criticou a burocracia que engessa a área de infra-estrutura e afirmou ser urgente a simplificação das regras para investimentos no setor. “O país precisa incentivar investimentos de médio e longo prazo”, disse ele. “Sem uma infra-estrutura sólida, o país não suportará um crescimento forte, em torno de 4% ou 5% ao ano, o que acredito ser muito possível”. Ele considerou especialmente preocupante a situação na área de transportes.
Também estiveram presentes à solenidade de abertura o presidente nacional do PT, José Genoíno; os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e das Cidades, Olívio Dutra; além de vários embaixadores, empresários e especialistas na área de infra-estrutura.