Lessa anuncia financiamento para infra-estrutura em evento da FPA
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou financiamento de projetos de integração da América do Sul.
Estes projetos contarão com dinheiro da CAF e do banco brasileiro. O anúncio da parceria foi feito durante o I Seminário de Infra-Estrutura para o Desenvolvimento Sustentável, promovido pela Fundação Perseu Abramo, e que está sendo realizado em Brasília hoje e amanhã, 27.
“Os Estados Unidos ligaram o Atlântico ao Pacífico já no final do Século XIX. A América do Sul ainda hoje não fez esta ligação”, afirmou o presidente do BNDES. Lessa lembrou que a integração com os demais países sul-americanos abre grandes possibilidades para o Brasil e citou o caso da Venezuela. Pelo BNDES, o Brasil está finalizando um acordo de US$ 1 bilhão com os venezuelanos para financiar o comércio bilateral entre os dois países.
No mesmo painel de discussões, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, defendeu a presença forte do governo na execução de projetos de infra-estrutura, por entender que na iniciativa privada não há poupança suficiente para sustentar o custo dos empreendimentos. O ministro disse que, se nada for feito, o problema da infra-estrutura tende a se agravar em razão da interiorização dos segmentos de produção. Ciro Gomes citou o caso do Piauí, onde está se abrindo uma nova fronteira de produção de soja. O escoamento da safra vem sendo feito por estradas vicinais, segundo o ministro.
O diretor da empresa Macrologística Consultoria, Renato Pavan, disse que há gargalos físicos e institucionais que impedem a execução de projetos de infra-estrutura ou implicam perda competitividade para as empresas brasileiras. Entre os gargalos institucionais estariam leis inadequadas, a falta de planejamento de longo prazo e os obstáculos impostos pela legislação ambiental. “Para estes, não há necessidade de recursos, basta apenas vontade política para resolve-los”, disse Pavan.
Ele disse que o governo terá de mexer na legislação para implementar o programa Parceria Pública Privada, com o qual pretende unir esforços com grupos privados para executar projetos de infra-estrutura. A Legislação atual não permite este tipo de parceria.
Renato Pavan disse que o Brasil terá de alterar substancialmente sua matriz de transportes para competir com outros países no mercado internacional. Ele citou o caso da soja, onde as rodovias respondem por 60% do transporte da safra. Outros 33% são escoadas por ferrovias e apenas 7% vão por hidrovias. Nos Estados Unidos, 60% da soja produzida é transportada por ferrovias e apenas 16% por rodovias.
O diretor da Macrologística afirmou que o Brasil terá de garantir nos próximos anos que as ferrovias e hidrovias passem a responder pelo transporte de 80% da soja. Para isso há necessidade de intervenções na matriz de transportes, com investimentos em ferrovias e hidrovias. O custo destas intervenções é estimado em cerca de US$ 5 bilhões. Os projetos consolidariam a integração física do Brasil com o Mercosul mais o Chile, Equador, Bolívia e Peru. Eles garantiram também a redução dos custos médios dos fretes de transportes. Só no caso da soja, o frete médio cairia de US$ 25,00 por tonelada para US$ 14,00, o que significaria uma economia de US$ 400 milhões por ano.