Pouco se sabe sobre a vida do líder seringueiro Wilson Pinheiro, mas sua história de luta inspirou toda uma geração. Wilson nasceu em 1933, foi assassinado em 1980 e é essa história que vamos resgatar.

Wilson Pinheiro foi reconhecido nacionalmente por sua atividade sindical, conseguiu reunir os trabalhadores da floresta através do ideal de que o homem pode conviver pacificamente com a natureza. Se tornou presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e da Comissão Municipal do recém criado Partido dos Trabalhadores.

Em 1979, liderou o ‘‘Mutirão contra a Jagunçada’’, movimento que reuniu centenas de trabalhadores marcharam contra jagunços armados que ameaçavam os posseiros da região amazônica. Os trabalhadores unidos tomaram mais de 20 rifles automáticos dos jagunços e entregaram ao Exército em Rio Branco.

No mesmo ano, Wilson liderou uma comissão de trabalhadores rurais e índios do Acre na busca pelo fim do conflito entre a etnia Apurinã e os assesntados pelo INCRA em território indígena. Assim foi gerado o embrião que, mais tarde, se transformou na ‘‘Aliança dos Povos da Floresta’’.

Um ano após as empreitadas, os fazendeiros da região se uniram para dar cabo ao movimento de resistência dos seringueiros. “No dia 21 de julho de 1980, por volta de 20h30, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT nessa cidade, Wilson de Souza Pinheiro, foi assassinado pelas costas, quando se encontrava reunido com outros trabalhadores na sede do sindicato.”, relato da Revista Perseu: Trabalhadores – os anos 1980.

“Está na hora da onça beber água”

Esta frase foi dita pelo então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, em um ato de protesto dias depois do assassinato de Wilson Pinheiro em Brasileia. Dias depois, trabalhadores rurais emboscaram e assassinaram Nilo Sérgio, o Nilão, capataz na região.

A ditadura militar vigente à época, interpretou o discurso de Lula como incitação aos trabalhadores e ele teve que responder a processo baseado na Lei de Segurança Nacional junto com os sindicalistas Chico Mendes e João Maia. Os três foram absolvidos e anistiados.

O episódio ficou marcado como um momento de resistência dos trabalhadores da floresta. Wilson e sua luta inspiraram Chico Mendes e outros líderes e trabalhadores de sua época.

A Fundação Wilson Pinheiro, nomeada em sua homenagem, foi instituída pelo Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1981, como um novo instrumento político dentro de sua estrutura partidária.

A composição do 1º Conselho Curador da FWP, eleito em 1981 incluía grandes pensadores brasileiros, entre eles: Antonio Candido de Mello e Souza (Presidente), Paulo Freire (Presidente da Diretoria Administrativa), Paul Singer, entre outros. Um registro histórico do fotográfo Jesus Carlos, mostra um Seminário com o historiador Eric Hobsbawn promovido pela Fundação Wilson Pinheiro e pelo PT, na PUC-SP.

As atividades de formação política da militância do Partido dos Trabalhadores foi uma das principais atividades da Fundação Wilson Pinheiro. Que também foi responsável pela elaboração do primeiro projeto de tratamento do arquivo histórico do PT.

A Fundação foi extinta no início dos anos 1990. No entanto, a ideia e a experiência de criação de uma instituição dessa natureza amadureceram e, com base nesta experiência, foi criada em 1996 a Fundação Perseu Abramo.

Memorial Wilson Pinheiro

Em 2018, o governador do PT, Tião Viana, entregou para a população acreana o Memorial Wilson Pinheiro, em homenagem a história de luta do líder. “Wilson e todos os seus companheiros simbolizavam a busca da paz. Ele foi covardemente assassinado, mas sua luta inspirou e gerações foram capazes de construir um Acre melhor, onde todos possam estar mais próximos e pensar em uma grande união em direção ao futuro. Nosso projeto de governo defende a vida”, disse o governador na inauguração.

Veja aqui alguns cartazes de atividades da FWP, preservados pelo Centro Sérgio Buarque de Holanda:

Seminário de alternativas políticas para o Distrito Federal

Os 70 anos da Revolução Russa

Florestan Fernandes em Poa

Encontros com a história

Educação de Adultos

Debate: plano alternativo de política econômica do PT

Curso para aprender a ler, escrever e contar

`