Há 41 anos, no dia 19 de julho de 1979, ocorria a Revolução Sandinista na Nicarágua. Por meio de ampla organização popular, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) depôs a ditadura de Anastasio Somoza, cuja família se mantinha no poder desde 1936, uma das mais longas ditaduras da América Latina.

A Nicarágua vivia, desde seu processo de independência em fins do século 19, sob forte intervenção dos Estados Unidos em seu território, que, movido pelo interesse econômico na agroexportação, controlava suas fronteiras e tentava definir as políticas econômicas. Nesse contexto, nos anos de 1920, Augusto Sandino e outras lideranças armadas se organizam para forçar a saída norte-americana do território nicaraguense. No entanto, Anastasio Somoza Garcia, aproveitando-se do movimento de reorganização política e da retirada das tropas estadunidenses, dá um golpe de Estado e assassina Augusto Sandino, em 1934. A partir desta década, a família Somoza inaugura um longo período de dominação na Nicarágua, controlando a economia e os processos políticos, culminando no aumento da pobreza e da miséria do povo nas cidades e no campo.

A Frente Sandinista de Libertação Nacional foi organizada em 1960 no intuito de fazer oposição ao regime ditatorial da família Somoza, no poder desde 1936. O nome remete a Augusto Cesar Sandino, que, como vimos, lutou contra a presença estadunidense no território da Nicarágua. Em 1979, organizada em torno de grande apoio popular, a FSLN depõe o ditador Anastasio Somoza Debayle, toma o Palácio Nacional de Manágua, e dá início ao que ficou conhecido como Revolução Sandinista ou Revolução Nicaraguense. Após o sucesso do levante popular, com apoio do movimento sandinista, José Daniel Saavedra, comandante militar da Frente, passa a liderar o novo governo e dá início ao novo período político-revolucionário do país.

No acervo do Centro Sérgio Buarque de Holanda, da Fundação Perseu Abramo, temos um conjunto de documentos compostos por fotografias e jornais do PT, simbólicos desse momento revolucionário. Uma parcela das imagens, de autoria desconhecida, mostram detalhes do cotidiano no contexto da revolução, e outra parte, imagens de pichações em apoio à luta sandinista. Dispomos ainda, um dossiê de fotografias que registraram a visita de Daniel Ortega, líder da Revolução Sandinista, ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo/SP, em março de 1985. Ortega foi presidente da Nicarágua em 1979, eleito em 1985, permanecendo até 1990. Foi reeleito em 2006, 2011 e novamente em 2016. Nas imagens de 1985, aparece ao lado de Gilson Meneses, Jair Menguelli e Lula.

O jornal Em Tempo em suas edições nº 76, 77 e 78, de agosto de 1979, apenas um mês depois da Revolução Sandinista, traz notícias sobre o processo revolucionário vivido pelo país. As reportagens tratam, respectivamente, sobre o Comitê Gaúcho de apoio à reconstrução da Nicarágua; uma análise de Eder Sader sobre a reconstrução nacional; e um cartaz nicaraguense anunciando a queda de Somosa.

Aos interessados em acompanhar o debate político de resistência vivido pela Nicarágua no pós-1979, o Jornal dos Trabalhadores e Boletim Nacional traz uma série de notícias sobre a situação política e de solidariedade ao povo. As edições nº 15 e 21 do Jornal dos Trabalhadores debatem a situação política vivida após a revolução de 1979. Na edição nº 0 do Boletim Nacional, de 1983, há uma nota de campanha em solidariedade ao povo nicaraguense. Nas edições 15, 49 e 50, o jornal traz notícias e depoimentos das brigadas de trabalho enviadas ao país. Naquele contexto, por meio do Partido dos Trabalhadores, médicos, enfermeiros e jornalistas brasileiros foram à Nicarágua para auxiliar no esforço de mobilização pós-revolucionário do país. O Boletim Nacional traz o relato desses militantes que discorrem sobre a organização social, política e econômica do povo nicaraguense.

No acervo de Resoluções de Encontros e Congressos e Programas de Governo disponibilizados no site do CSBH, temos ainda a Moção de Repúdio divulgada no III Encontro Nacional do PT ocorrido em 1984, contra o ataque à soberania sofrido pelo povo nicaraguense por parte dos Estados Unidos, à época sob o governo de Ronald Reagan.

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