Dia 1º de julho é data da paralisação nacional dos entregadores por aplicativos. Trabalhadores que enfrentam a precariedade, a informalidade e até mesmo o preconceito em seu cotidiano de trabalho, mas que se comprovaram cada vez mais essenciais para o funcionamento das cidades, especialmente em um momento de isolamento social decorrente da pandemia que Brasil atravessa.

O Reconexão Periferias, projeto que atua em rede com mais de 800 coletivos e movimentos periféricos de todo o Brasil, apoia o breque e se coloca à disposição naquilo em que puder colaborar com essa agenda.

Os entregadores não têm nenhum direito trabalhista como é previsto às demais categorias, pois as empresas donas dos aplicativos se recusam a reconhecer o vínculo entre elas e seus funcionários. Além do mais, são os próprios entregadores que precisam pagar para ter seus materiais de trabalho, isso desde o veículo de locomoção, até mesmo as mochilas pesadíssimas que carregam nas costas.

Créditos: arte FPA

Durante a pandemia o descaso das empresas ficou ainda mais nítido: não tomaram medidas que pudessem contribuir para a garantia de vida desses trabalhadores, pelo contrário, eles não têm acesso a locais para lavar as mãos entre uma entrega e outra, não têm locais seguros e limpos para fazerem suas refeições e descansos, e a busca desenfreada por lucro das empresas, premiando quem consegue fazer mais corridas por dia, impôs um ritmo cada vez maior de entregas, ignorando os riscos de acidentes a que eles são expostos. Resultado dessa ganância é o aumento em quase 50% de motoboys mortos em acidente de trânsito durante o período da quarentena.

Com os entregadores por bicicleta a exploração chega a fazer com que eles precisem trabalhar cerca de 12h diárias, pedalando em torno de 50km, para ao final do mês ter uma renda próxima do salário mínimo.

Esses trabalhadores, em sua imensa maioria jovens negros das periferias do nosso país, ainda sofrem com o preconceito diário e o desprezo com que suas vidas são tratadas pelas empresas e até mesmo por parte da elite que utiliza seus serviços.

Para chamar a atenção da sociedade para essa situação, e exigir dos aplicativos uma mudança nas relações de trabalho, esse dia 1º de julho todos entregadores vão parar. Seja também solidário/a à esta luta, nesse dia não peça nada por aplicativo.

Apoie esses trabalhadores essenciais e sua organização coletiva! Nós apoiamos!

Artur Henrique, diretor da Fundaçâo Perseu Abramo e do projeto Reconexão Periferias

 

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