A Fundação Perseu Abramo e o Diretório Municipal do PT em São Paulo realizaram em 07 de junho o debate “2003-2010: O Brasil em transformação”.

A Fundação Perseu Abramo e o Diretório Municipal do PT em São Paulo realizaram em 07 de junho o debate “2003-2010: O Brasil em transformação”.

O evento, que teve como objetivo a reflexão sobre as mudanças ocorridas no Brasil nestes últimos sete anos, foi coordenado por Antonio Donato, (presidente do DMPT/SP), e contou com Edinho Silva (presidente do Diretório Estadual do PT/SP), Elói Pietá (presidente em exercício da FPA), Gilney Amorim Viana, (professor da Universidade Federal do Mato Grosso e membro do Diretório Nacional do PT e do Conselho Curador da FPA), Hamilton Pereira (assessor da presidência da Agência Nacional de Águas e membro do Conselho Curador da FPA) e Patrus Ananias (ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome).

Gilney, Hamilton e Patrus são, também, autores de artigos publicados nos livros A nova política econômica/A sustentabilidade ambiental (organizado por Elói Pietá), As novas bases da cidadania, (organizado por Juarez Guimarães), Bolsa Família (de Marco Aurélio Weissheimer ) e Brasil, entre o Passado e o Futuro (organizado por Marco Aurélio Garcia e Emir Sader), publicados pela Editora Fundação Perseu Abramo

Edinho Silva iniciou o debate afirmando que as políticas públicas adotadas nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram diferença no país, e enfatizou que "ao sistematizar a experiência do governo Lula, a Fundação Perseu Abramo ajuda no debate – porque não é pouca coisa o que essa administração realizou. Precisamos entender que projeto é esse que construímos."

Para Gilney Amorim Viana, cabe destacar a importância de se entender a Amazônia como um espaço de várias territorialidades, onde coexistem diferentes realidades e uma enorme diversidade. "As políticas adotadas para a região às vezes não correspondem às suas necessidades e às de seus moradores", lembrou Viana. Ele ressaltou ainda que nos últimos 25 anos houve uma mudança na relação entre as demais regiões com a Amazônia: “Os amazônidas querem ser os propositores das políticas para a região. As ‘Amazônias’ precisam ser compreendidas, a gestão de políticas públicas precisa levar em conta as territorialidades”.

 

Debate aponta os desafios para o próximo governo
Foto: Eduardo Fahl

A questão amazônica foi ressaltada também por Hamilton Pereira, ao tratar do papel dos habitantes da região. “Os discursos sobre a Amazônia desconsideram o ser humano: os 24 milhões de brasileiros que vivem na região tem sensibilidade para fazer propostas”, afirmou. Hamilton ressaltou também a importância da agenda ambiental no debate sobre o crescimento do país. Para ele, há até pouco tempo havia no Brasil uma certeza sobre a infinitude de nossos recursos naturais. “Não podemos afirmar com certeza que crescemos com sustentabilidade”, constatou.

A Fundação Perseu Abramo foi lembrada por Hamilton Pereira em sua fala, que ressaltou o papel da instituição na organização do discurso e no estímulo às realizações dos militantes da esquerda. Sobre as transformações vividas pelo país, Hamilton afirmou que o "Brasil cresce, mas com democracia; hoje o Brasil distribui para crescer ". O desenvolvimento nacional seguiu presente em sua fala, ao ressaltar o que considera os aspectos fundamentais para o crescimento nacional: crescer com democracia, com inclusão social e sustentabilidade ambiental, e soberania”.

O debate prosseguiu com Patrus Ananias. O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome analisou o papel dos programas do governo federal para o desenvolvimento e a inclusão social. “O Bolsa Família foi criado em outubro de 2003, e é importante lembrar que além dele, temos o Benefício de Prestação Continuada-BPC, o programa de erradicação do trabalho infantil e o de atenção às famílias”, disse Patrus.

O ex-ministro prosseguiu recordando que, além destes esforços do governo, há outras frentes, com programas (como os restaurantes populares e o Luz para todos), dedicados à segurança alimentar e nutricional, à capacitação para  o trabalho e à economia solidária.  "A seguridade social precisa ser repensada em função das novas realidades, e em relação ao desafios colocados pela integração das diversas políticas sociais, como as de cultura, trabalho, de apoio à agricultura, etc”, ressaltou Patrus. Que arrematou, parafraseando Cecilia Meireles: “Não precisamos nos contentar com o ‘ou isto ou aquilo’ – devemos querer o ‘isto e aquilo’”.

A receita, para Patrus, passa pela conjugação do desenvolvimento econômico social, cultural e politico com as políticas públicas e ambientais. “Precisamos recuperar a ideia de bem estar social”, lembra o ex-ministro. “O capitalismo arrogante incutiu a lógica de que quem está empregado não tem do que reclamar”. A crítica é estendida ao neoliberalismo, que, para Patrus, teria rebaixado os sonhos e relativizado valores como a compaixão, o respeito, a indignação, estabelecendo como referência última os bens materiais.

Em meio ao debate progressista, a FPA foi trazida à memória por Patrus Ananias, que ressaltou que a instituição é um espaço instigante e sério de discussão, oferecendo boas publicações e integrando o compromisso da ação com a reflexão.  Por fim, Patrus enfatizou a importância da recuperação de princípios e valores, abrindo horizontes para a esperança, numa ação política e partidária que sensibilize e engage cidadãos e cidadãs. “Construimos o PT para tocar os corações, as mentes da pessoas”, resume.

 

Mais

Veja o video sobre o evento produzido pela TV PT-SP