Os membros permanentes do Mercosul vinham realizando negociações com uma série de países e regiões como União Europeia, Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), Coreia do Sul, Canadá, Índia, Egito e Israel, visando estabelecer novos acordos de livre comércio.

O governo argentino acabou de anunciar que se retira das negociações, particularmente com a Coreia do Sul, sob o argumento de que se trata de uma negociação de bens agrícolas versus bens industriais e que isso levaria à destruição de empregos na indústria argentina, além de ser uma temeridade implementar qualquer acordo neste momento de crise da pandemia do Corona Vírus.

No entanto, anunciou também que irá manter-se nas negociações do bloco com a União Europeia e a EFTA, formada por Islândia, Lietchenstein, Noruega e Suíça, que são os que mais avançaram até hoje, embora estejam sob risco de não serem ratificados por vários países europeus em função dos ataques ao meio ambiente cometidos pelo governo brasileiro. Também declarou que não se opõe a que os governos do Brasil, Paraguai e Uruguai continuem negociando.

Os argentinos têm razão em não querer efetivar estes acordos, principalmente, com a Coreia do Sul e o Canadá. A primeira é atualmente uma das três potências industriais da Ásia, e o Mercosul deve desindustrializar-se ainda mais se prevalecer a agenda em discussão. Um dos responsáveis pelo lado brasileiro, Marcos Troyo, responsável pelo comércio e relações internacionais do Ministério da Economia, cotado para ser o futuro presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos Briscs, defende que o Brasil é para o agronegócio o que a Arábia Saudita representa para a exploração de petróleo. Ou seja, na opinião dele nossa vocação não seria industrial e sim o retorno ao regime de plantation! O problema com o Canadá é semelhante e agravado pela sua participação no Nafta, o que provocaria a triangulação de comércio a partir dos Estados Unidos e em menor grau do México.

Para impedir esse desastre, o papel do governo argentino é crucial, pois embora as negociações aparentemente continuem, para efetivar acordos com o Mercosul é necessário que haja consenso dos quatro países. Resta saber se a pressão que os governos do Brasil, Paraguai e Uruguai exercerão sobre o presidente Alberto Fernandez mudará alguma coisa ou se vão tentar realizar acordos individuais, embora isso, na prática, signifique o fim da integração no Mercosul. O que também não se conhece ainda é se aos coreanos e demais países interessa um acordo sem a Argentina.

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