Amazônia: debate sobre os dilemas e as perspectivas da região
Por Hamilton Pereira
Por Hamilton Pereira
O seminário "Amazônia:caminhos para o desenvolvimento econômico, social e sustentável com a inclusão de seu povo", sob todos os títulos, foi um sucesso! Reabriu o espaço que nós havíamos construído com o esforço que resultou nas três conferências da Amazônia, que em grande medida, delineou diretrizes, sensibilidades para as formulações do Partido dos Trabalhadores para a região Amazônica. Esse esforço de hoje que dá consequência às conferências, tem o mérito, uma grande virtude, que é o fato de debater os dilemas e as perspectivas da região; e que não é uma região qualquer, porque territorialmente significa quase 60% do território brasileiro e é uma região que se encontra numa situação de centralidade na agenda do país e do mundo.
A virtude deste evento se deve ao fato de trazemos para o debate militantes e dirigentes de movimentos sociais, militantes e dirigentes de partidos, de movimentos comunitários e dirigentes sindicais de diferentes categorias. Mas aqui não se discute os problemas das categorias corporativamente, aqui se abre um espaço da política em tamanho maior, a política maiúscula.
E abriu espaço para que recuperássemos em grande medida, aquelas formulações que precederam nosso esforço de governo que agora se conclui depois dos oitos anos do mandato do presidente lula e projeta a perspectiva de continuar a mudança que é necessária. Abriu espaço também e não creio que isso seja menor, porque esse seminário foi precedido por um seminário internacional [A integração sul-americana e os desafios políticos e sócio-ambientais da Pan-Amazônia ] que tratou da temática da Amazônia para além fronteiras. E isso foi fundamental para nosso projeto de desenvolvimento democrático, sustentável, inclusivo e que agora tem a possibilidade de dialogar com os ciclos de desenvolvimento sociais, políticos e culturais vizinhos. O Brasil vive um momento privilegiado e que é partilhado com alguns países que fazem ou não fronteira.
Quero chamar atenção para os testemunhos que ouvi dos companheiros pan-amazônicos, os peruanos, bolivianos, equatorianos, de que eles nos miram com interesse muito grande e com inquietações, particularmente porque nós travamos agora essa batalha, essa encruzilhada: nós vamos dar continuidade aos oito anos de governo que iniciamos com o presidente Lula ou esse processo será interrompido? Essa é uma inquietação que eles nos apresentam.
Eu penso que aqui se alimentou a militância para cumprir o papel que lhe cabe na disputa, na campanha e, ao mesmo tempo ofereceu a essa militância a oportunidade de se credenciar como interlocutora da companheira Dilma Rousseff, no que toca ao recorte do novo modelo que as esquerdas da região projetam.
Eu penso que o passo necessário que temos que dar logo a seguir é estabelecer esse diálogo direto com a companheira Dilma que será a voz que vai encarnar diante da sociedade brasileira esses anseios.
A Fundação Perseu Abramo viveu um momento extraordinariamente rico ao cumprir o seu papel na sua relação com o partido e com o governo do presidente Lula. Aqui não tivemos um seminário chapa branca, e, ao contrário, ele foi rico pela coragem crítica das bases do partido diante do reconhecimento de tudo que foi realizado e ao mesmo do tensionamento por tudo que ainda temos que fazer no curso da realização desse projeto histórico, que nós de alguma maneira encarnamos.
*Hamilton Pereira, assessor da presidência da Agência Nacional de Águas-ANA e membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.