Petroleiros vão ao TST para revogar demissões. Petrobras desconversa
Representantes dos petroleiros estão reunidos na tarde desta sexta-feira em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, para dar início a negociações com a direção da Petrobras, intermediadas pelo ex-presidente do órgão – agora apenas ministro – Ives Gandra Filho.
Ao longo da tarde de quinta e da manhã desta sexta, assembleias por todas as unidades que estavam em greve decidiram suspender temporariamente o movimento, em sintonia com a proposta encaminhada pelo Conselho Deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Os grevistas avaliam que a suspensão das mil demissões na Araucária Nitrogenados, no Paraná, determinada pela desembargadora Rosalie Michaele Bacila, do Tribunal Regional do Trabalho daquele estado, abre novas condições de diálogo. A suspensão determinada por Rosalie tem validade até o dia 6 de março.
A soma dessa decisão com a proposta feita pelo TST de intermediar uma negociação com a empresa – desde que a greve fosse interrompida – foi determinante para a pausa no movimento paredista. A FUP destaca igualmente a revogação das demissões de uma centena de trabalhadores que participaram da greve como outra conquista do movimento, que coloca a categoria em uma posição mais avançada no embate.
Coragem e exemplo
Ontem, quinta-feira, atos públicos foram realizados diante de diferentes unidades da Petrobras que estiveram em greve. Um dos mais concorridos aconteceu diante do edifício-sede da companhia, no Rio de Janeiro. Com acompanhamento musical, garantido por artistas que participaram da manifestação, e com presença de lideranças e militantes de petroleiros e outras categorias, os discursos destacaram a coragem dos petroleiros e o exemplo que representaram para aqueles que se perguntam como enfrentar os caminhos que o atual governo federal quer impor ao Brasil.
Ato na Paulista em apoio aos petroleiros, na noite de quinta
A greve não enfrentou apenas o governo truculento de Bolsonaro e a direção da empresa, que sequer manteve diálogo com os representantes da categoria – quatro lideranças ficaram acampadas por 20 dias no edifício-sede da Petrobras, sem serem atendidas. Os grevistas enfrentaram também a omissão quase completa da mídia comercial e, especialmente, o TST e o Supremo Tribunal Federal (STF), que impuseram pesadas multas diárias aos sindicatos e retiveram os repasses das mensalidades voluntariamente pagas pelos sindicalizados.
Na negociações que se iniciam hoje, a FUP e os sindicatos dos petroleiros querem derrubar todas essas medidas que pretendem punir os trabalhadores e sufocar suas entidades de representação.
Petrobras: “demissão incentivada”
Por outro lado, o diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, não sinalizou reversão das demissões. Ele afirmou que a empresa vai “de espírito desarmado” para a reunião de conciliação. “A expectativa é positiva para reunião de amanhã”, declarou em encontro com jornalistas. Ele afirma que a empresa vai oferecer planos de desligamento incentivado.
Já o presidente, Roberto Castello Branco, que reuniu a imprensa para anunciar recorde de lucros históricos da companhia, foi menos brando, acusando os grevistas de terrorismo e reafirmando que a fábrica localizada em Araucária deve ser fechada por, segundo ele, não ser interessante aos planos da Petrobras. Em nota publicada ontem, a empresa reafirma sua posição de que a greve é ilegal, não afetou a produção e que não há privatização à vista.
O comando de greve dos petroleiros sinaliza que, caso as negociações intermediadas pelo TST frustrem as expectativas, a greve pode ser retomada. O funcionalismo público federal, incluindo trabalhadores e trabalhadoras das empresas estatais, prometem greve no próximo 18 de março.