Um governo ofensivo para os trabalhadores e trabalhadoras
O ministro Paulo Guedes, o liberal que trabalhou no repressivo governo do ditador Pinochet no Chile, deu ontem mais uma demonstração de elitismo ao dizer que com o dólar alto “até empregada doméstica estava indo pra Disney”. Não há nenhuma preocupação por parte do entorno de Bolsonaro em esconder para quem governa e como para este grupo incomoda a ascensão social, incomoda o fato de ter que dividir espaços e que a classe trabalhadora possa ter acesso aos mesmos bens de consumo que ele.
Assim, entram no rol de ofendidos pelo governo também as empregadas domésticas. Já não bastassem as declarações contra negros, quilombolas, LGBTQIs, mulheres, pessoas de esquerda, estudantes universitários, ambientalistas etc. Nos últimos dias, o presidente atacou o já estigmatizado grupo de pessoas portadoras de HIV, dizendo que estes são “uma despesa para todos aqui no Brasil”, gerando notas de repúdio de diversas entidades. Guedes também chamou de “parasitas” os funcionários públicos, também gerando notas de repúdio de diversas entidades. Repercutiu tão mal que o governo desistiu de mandar uma reforma administrativa, porém vale lembrar que a visão de Guedes de que os servidores sejam “parasitas” justifica o corte de jornada e salário destes em até 25% em momentos de “emergência fiscal”, proposta da PEC 186/2019 (PEC Emergencial).
Mas voltando ao ato falho do liberal “fiscal de férias”, não faltaram comparações do ministro Paulo Guedes ao personagem do antigo programa “Sai de Baixo” Caco Antibes, de Miguel Falabella, que dizia ter “horror a pobre”, que “aeroporto virou rodoviária”. Infelizmente o ministro exterioriza o que parte da classe privilegiada brasileira pensa ou sussura ao se incomodar em dividir seu espaço.
Alguns, nos idos de 2015, advogavam que a economia melhoraria e a inflação cairia se a taxa de desemprego subisse. Foi o que de fato ocorreu desde 2015, com a mudança da política econômica. Desta forma, hoje de fato a situação dos mais pobres não está nada fácil. Com o aumento da pobreza, que agora atinge treze milhões de pessoas, a cobertura do Bolsa Família caindo e a fila para o programa aumentando , 12,6 milhões de desempregados, recordes na subutilização e dos conta própria, além de aumento na desigualdade, o fiscal das férias alheias pode ficar tranquilo que não só viajar para fora com dólar caro como também ter alguma estabilidade financeira para criar sua família já voltou a ser privilégio de poucos.