O que diz a teoria econômica sobre a desigualdade, suas causas e consequências? Em uma série de cinco videoaulas, os economistas Arjun Jayadev, da Azim Premji Univeristy, e Branko Milanovic, CUNY Graduate Center, dão um panorama sobre o debate relativo à desigualdade, suas causas e consequências, e aprofundam diversas temáticas importantes.

Já na primeira videoaula, Arjun Jayadev trata das “desigualdades duráveis”, que seriam desigualdades estruturais que influenciam as trajetórias das pessoas em todo o mundo. A primeira das desigualdades desse tipo é a posição das pessoas com o sistema de produção. Para saber a posição de uma pessoa dentro de uma sociedade capitalista importa fortemente, já diria Marx, se esta pessoa é trabalhadora ou capitalista, dona de meios de produção ou se possui quantidade significativa de ativos identificados com a classe dominante.

O segundo tipo é a desigualdade entre os 99%, ou seja, entre os que fazem parte da classe trabalhadora (excluindo o 1% mais rico, os capitalistas), quais fatores levariam alguns trabalhadores a se destacarem em relação aos outros.

O terceiro tipo é a desigualdade devida à nacionalidade, um tipo de desigualdade que se destaca cada vez mais: pelo simples fato de ter nascido em um país X ou Y, as oportunidades são muito diferentes.

O quarto tipo de desigualdade é relativo aos pais ou às famílias em que as pessoas nascem, pois diversas habilidades ou tipos de capitais (como o social ou cultural, não só o econômico) podem ser adquiridas através da família em que se nasce.

E o quinto tipo de desigualdade que os economistas destacam é aquele devido ao que se chama de “grupos estruturais”, como as diferenças socialmente definidas que existem entre ser homem ou mulher, ser de determinada casta, religião, raça etc.

Na aula, são apresentados diversos gráficos e dados muito importantes para compreender as grandes questões relativas à desigualdade na atualidade, como o fato de que as rendas “do capital”, como de
aluguéis, ações, entre outras, sempre apresentam rendimentos muito superiores à renda do trabalho/salários, ou seja, a renda de ativos “rentistas” se valoriza muito mais rápido que a renda do trabalho, concentrando cada vez mais a riqueza na mão daqueles que detém o primeiro.

Jayadev mostra, a partir de Thomas Piketty, que os únicos períodos em que esta “lei” não vigorou desde 1870 foram durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

Outra discussão interessante a partir dos vários tipos de desigualdades apresentados pelos pesquisadores é a questão da nacionalidade. Jayadev discute que antes, quando a definição dos Estados e das nacionalidades não existia ou era mais fluida, era muito menos burocrático que pessoas migrassem de uma região mais pobre para uma região mais rica, reduzindo desigualdades regionais.

No entanto, hoje, com os fortes controles sobre a migração e políticas cada vez mais restritivas nas regiões mais ricas do mundo – como nos Estados Unidos e na Europa – , a situação dos migrantes se torna mais dramática. Uma simples fronteira separa regiões brutalmente diferentes em termos de condições socioeconômicas.

As videoaulas estão disponíveis em inglês e são iniciativa do Institute for New Economic Thinking.

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