Dada a discussão sobre a reforma administrativa que visa mudar a progressão de servidores da ativa e alterar a carreira de forma mais substancial para futuros servidores, capitaneada pelo governo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)  aponta para os riscos de se cortar ainda mais em pessoal na área de saúde. O setor, além de gerar tecnologia e empregos de qualidade, ainda é uma área carente de recursos (grande parte sob responsabilidade de Estados e Municípios) para alcançar os patamares necessários para a população brasileira.

Segundo o Dieese, dado o elevado número de desempregados(as) no país e ao crescente número de usuários da saúde pública, o SUS deveria ser um dos principais focos do investimento público no Brasil, contribuindo para a geração de empregos e a proteção à vida com qualidade. Diversos economistas inclusive vinham insistindo nessa tese nos últimos anos, sobre como os gastos sociais (na saúde, educação, saneamento etc) poderiam ser um grande novo eixo de desenvolvimento do país, inclusive pela capacidade de geração de empregos qualificados em tais áreas.

Sobre o mercado de trabalho na saúde especificamente, a nota aponta que os(as) trabalhadores(as) do SUS, apesar de terem perfis de escolaridade, remuneração e formalização dos vínculos mais favoráveis do que a média observada no conjunto do mercado de trabalho brasileiro, vêm, nos últimos anos, apresentando mudanças relevantes no padrão contratual (redução do número de estatutários) e nas condições de trabalho (desigualdade na remuneração, sobrecarga de trabalho, rotatividade e adoecimento, entre outras). Nesse sentido, argumenta-se por mais regulamentação na área.

O texto aponta que uma reforma tributária e a revisão da Emenda Constitucional do Teto de Gastos (EC-95/2016) poderiam proporcionar um melhor gasto na saúde. Porém, essa não parece ser a perspectiva do governo atual, que parece querer reduzir o quadro de pessoal e encolher ainda mais os gastos sociais.

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