O presidente deposto pelo golpe cívico-militar na Bolívia, Evo Morales, divulgou na noite desta segunda-feira (11) mensagem de despedida do povo boliviano, momentos antes de partir para o México. “Irmãs e irmãos, parto rumo ao México, agradecido pelo desprendimento do governo desse povo irmão que nos concedeu asilo para proteger nossas vidas. Dói sair do país por razões políticas, mas sempre estarei à disposição. Em breve, voltarei com mais força e energia”, afirmou o ex-presidente nas redes sociais.

O presidente do México, López Obrador, concedeu asilo a Evo Morales, na tarde desta segunda-feira. O anúncio foi feito pelo chanceler do governo mexicano, Marcelo Ebrard, durante pronunciamento em rede nacional. O asilo foi concedido por razões humanitárias, informou o secretário de Relações Exteriores.

Por volta de 23h Ebrard confirmou que Evo Morales já havia embarcado no avião do governo mexicano, enviado para garantir sua transferência segura.

Sua vida corre perigo na Bolívia”, disse Ebrard. Ele informou que Evo pediu asilo político ao governo mexicano um dia depois de ter renunciado ao cargo de presidente, na noite deste domingo 10, após pressão de militares e policiais.

Por trás do golpe

As razões que motivam o golpe na Bolívia são também econômicas. A nacionalização do gás e todo o desenvolvimento que foi criado a partir dessa fonte energética incomoda as elites que se contrapõe a Evo Morales.

A pobreza diminuiu substancialmente durante as três gestões de Morales. Ele recebeu o país com 60% de pobres e baixou esse índice para 34%.

A Bolívia é também um dos grandes poderes em lítio, atualmente no mundo. O lítio é a matéria prima das baterias e, portanto, um insumo estratégico para o desenvolvimento da mobilidade com veículos elétricos. Estima-se que um sexto das reservas mundiais de lítio estão na Bolívia.

Ruas vazias

De acordos com relatos da imprensa brasileira, nesta terça-feira as ruas da Bolívia amanheceram sem conflitos. Nos dias anteriores – inclusive ontem – a repressão foi dura, com a polícia e as Forças Armadas detendo pessoas que circulavam pelas ruas. Grupos de apoio ao presidente deposto haviam anunciado resistência em El Alto, cidade próxima a La Paz. Video exibido pelo jornal Los Tiempos mostra momento em que apoiadores gritam por guerra civil.

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