Desde o anúncio do resultado da eleição para a Presidência na Bolívia, que aconteceu dia 20 de outubro, culminando com a vitória de Evo Morales, do Movimiento Al Socialismo (MAS-ISP) – Instrumento Socio Político para seu quarto mandato, com 47,08% dos votos, a oposição tenta retirá-lo do poder. Carlos Mesa, do Comunidad Ciudadana (CC), que ficou em segundo lugar com 36,51% dos votos, pede um segundo turno e Luiz Fernando Camacho, líder do Comitê Cívico de Santa Cruz de La Sierra, tentou chamar as Forças Armadas para concretizar um golpe de Estado.

Durante a apuração dos votos e a divulgação de resultados preliminares houve uma confusão entre dois métodos que estavam sendo utilizados: um por contagem individual e outro por meio de atas. Quando os resultados parciais foram atualizados, a vitória de Evo já era evidente. Lembrando que no sistema político boliviano, para se vencer em primeiro turno o candidato deve obter 50% + 1 dos votos ou mais de 40% com diferença de 10% para o segundo colocado.

Mesa acusou a confusão de ser fruto de uma fraude e pediu que fosse realizado segundo turno. Seus apoiadores e opositores ao governo saíram às ruas. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e alguns países como Brasil e Colômbia não reconheceram o resultado da eleição. Como resposta, Evo tentou fazer acordo com a OEA propondo uma auditoria dos votos. No entanto, Mesa rechaçou essa opção. Além disso, o chefe da missão desta organização que audita as eleições no país, Arturo Espinosa, renunciou no dia 1º de novembro após admitir que publicava artigos com críticas ao Evo.

Já Camacho, considerado líder da oposição em Santa Cruz de la Sierra, uma região que é tradicionalmente de opositores ao atual governo, aumentou a radicalização ao dar um ultimato a Evo durante discurso no dia 2 de novembro, no qual demandava a renúncia em até 48 horas, bem como pedia a ajuda das Forças Armadas para destituir o presidente eleito e o fechamento das fronteiras para prejudicar a economia e gerar insatisfação popular com o governo.

Camacho chegou a redigir uma carta de renúncia para Evo e viajou para a capital, La Paz, a fim de entregá-la pessoalmente. Ao desembarcar no aeroporto da cidade, no dia 5 de novembro, ele se deparou com apoiadores do governo e militantes do partido de Evo, o MAS. Ao final, Camacho não conseguiu sair do aeroporto e pegou um voo de volta para Santa Cruz.

`