Nas eleições parlamentares realizadas dia 20 de outubro, o Partido Liberal conquistou 157 cadeiras no parlamento canadense, embora obtendo vinte a menos do que na eleição passada em 2015. O mínimo necessário para um partido governar sozinho com 50% mais um seria 179 cadeiras, embora no Canadá seja possível compor governos minoritários desde que o partido em questão seja contemplado com o maior número de deputados em comparação com os demais.

Os demais partidos obtiveram o seguinte resultado: o Partido Conservador (oposição oficial) 121 cadeiras; o Bloco Quebequense, 32; o Novo Partido Democrático, 24; o Partido Verde, três, e foi eleito um deputado independente. O sistema de votação no Canadá, à semelhança de outros países anglo-saxões, é distrital. Assim, os liberais elegeram mais deputados que os conservadores, embora estes alcançassem 34,4% dos votos populares contra 33,1% dos liberais.

A administração pública canadense é muito descentralizada, à exemplo dos Estados Unidos, com muita autonomia provincial. Porém, o Estado de bem-estar social, ao contrário dos Estados Unidos, é principalmente público, seguindo o modelo social democrata europeu. A responsabilidade histórica pela sua implantação coube aos partidos Liberal e Novo Democrático, a partir de legislações provinciais que em alguns casos se tornaram também normas federais. O Partido Conservador é tradicionalmente adepto das políticas neoliberais e nesta eleição adotou também uma plataforma reacionária nos costumes. A boa notícia é que o Partido Popular de extrema direita não elegeu nenhum deputado. O comparecimento do eleitorado foi de 66%.

Justin Trudeau, o atual primeiro ministro e líder dos liberais, enfrentou uma campanha dura, com acusações de favorecimento a empresas, de ter pressionado a ministra de assuntos aborígenes e uma foto sua maquiado de negro, gesto considerado racista, também foi divulgada. No entanto, os bons resultados da atual gestão, reconhecidos até mesmo por setores do movimento sindical, foram determinantes para sua vitória.

Trudeau tem duas opções: governar em minoria ou compor com um segundo partido. Neste caso, a opção lógica seria uma aliança com o Novo Partido Democrata, o que a depender das negociações daria mais tranquilidade ao novo governo.

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