Aliados importantes do presidente Jair Bolsonaro no cenário internacional estão passando por momentos conturbados. No Chile, Sebastián Piñera decretou estado de emergência após protestos contra o aumento do preço da passagem de metrô e, na Argentina, é praticamente impossível que Mauricio Macri vença as eleições no próximo domingo, dia 27 de outubro. Em Israel, Benjamin Netanyahu anunciou na segunda, dia 21, que novamente não conseguiu formar governo.

Após o anúncio do aumento de 30 pesos no preço da passagem de metrô em horário de pico (cerca de R$ 0,20), o movimento estudantil convocou “pula-catracas” nas estação da capital chilena, Santiago. O protesto foi se alastrando na sociedade, formaram-se barricadas em vários pontos da cidade, ônibus e vagões de metrô foram incendiados, bem como o prédio da empresa de distribuição de energia, a Enel. Até o momento, quinze mortes foram confirmadas e mais de 1.500 pessoas foram detidas.

Piñera voltou atrás da decisão de aumentar o preço da passagem no sábado, dia 19 de outubro, mas os protestos já tinham tomado outra proporção e estão sendo feitos contra a austeridade que impera no país desde a ditadura de Augusto Pinochet, pois mesmo que essa tenha acabado em 1990 a Constituição não foi modificada. Desde então, houve governo progressista, o da ex-presidenta Michelle Bachelet com seus dois mandatos (2006-2010; 2014-2018), porém ela não realizou reformas substanciais.

Educação e a saúde, por exemplo, continuam sendo privatizadas e a previdência, a mesma que Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes defendem para o Brasil, não consegue dar uma vida digna para os aposentados que, em sua maioria, ganham menos que um salário mínimo.

Na Argentina o governo de Mauricio Macri está chegando ao fim. Depois que ele assumiu a presidência no final de 2015, prometendo reformas na economia e mais austeridade, o país vem passando por uma grave crise econômica, estando no posto da segunda maior inflação da América Latina em 2018, além da grande desvalorização que o peso sofreu nos últimos anos.

Com a insatisfação popular, Macri chegou nas eleições deste ano desgastado e seu partido perdeu em quase todas províncias que lançou candidato para governador. Nas Primárias que ocorreram em agosto ele obteve 32% dos votos, contra 47% da chapa progressista formada por Alberto Fernández e pela ex-presidenta, Cristina Kirchner, como vice. Todas pesquisas eleitorais indicam para a vitória desta última ainda em primeiro turno.

E não para por aqui. Outro aliado importante de Bolsonaro no cenário internacional, o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, não conseguiu novamente formar um governo para o próximo período. Essa tarefa passa a ser do partido oposicionista Azul e Branco, de Benny Gantz, que possui discurso mais moderado e o possível apoio dos partidos árabes, apesar de também defender Jerusalém como capital de Israel e a anexação definitiva das Colinas de Golã, que fazem parte da Síria.

Esse seria o quinto mandato de Netanyahu, que foi o primeiro governante de Israel a visitar o Brasil após a vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018. Sua continuação no cargo era praticamente uma questão de sobrevivência, pois correm na Justiça do país acusações de corrupção que envolvem a ele e sua família. Segundo elas, Netanyahu teria concedido benefícios a empresas de comunicação, bem como aceitado presentes em troca de favores.

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