Unicamp aprova moção pela educação e autonomia universitária
Em ato histórico que reuniu oito mil pessoas da comunidade universitária, uma das maiores universidades do país debateu o momento de investidas contra a educação, ciência e autonomia universitária e aprovou moção contra retrocessos, disponível aqui. A última assembleia universitária deste tipo havia ocorrido em 1981, quando a comunidade universitária da Unicamp resistia contra as tentativas de intervenção do governo, o que dá à assembleia ocorrida no dia 15 de outubro um caráter especialmente importante.
Além de entidades internas à Unicamp, participaram entidades externas como a União Estadual de Estudantes de São Paulo (UEE), a União
Nacional do Estudantes (UNE), a prefeitura de Campinas, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Na assembleia ocorrida no dia dos professores de 2019 os participantes apoiaram o texto que expressa indignação diante dos reiterados ataques contra a educação e a ciência perpetrados no Brasil nos últimos meses e conclama a sociedade a unir-se em defesa da universidade pública gratuita, laica, socialmente referenciada e de qualidade. “Nada disso é possível sem que se observe o princípio da autonomia, garantido às universidades públicas pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Atentar contra a autonomia significa impedi-las de fazer suas próprias escolhas, fundamentais para a criação e manutenção de um ambiente estimulante, desafiador, criativo, dinâmico e, sobretudo, de respeito às pessoas e à diversidade de opiniões”. Além de criticar os cortes de recursos à educação superior, o documento aponta que os ataques recentes são “fortemente marcados pelo anti-intelectualismo e por um profundo desprezo pelo conhecimento científico”.
Apesar de ser uma universidade estadual, não submetida diretamente ao governo federal, a Unicamp também tem sofrido com cortes de bolsas e de estímulos à pesquisa no país, bem como não tem ficado alheia ao crescimento do conservadorismo, da censura e do cerceamento à liberdade de cátedra no país. Neste sentido, é muito importante que diversos atores (e de todo o espectro político) de uma grande
universidade apresentem um posicionamento conjunto de enfrentamento aos retrocessos.