Em um conjunto de 601 negociações salariais analisadas no ano de 2018, cerca de 68% conquistaram aumentos reais de salários (em comparação com a variação do INPC-IBGE). É o que mostra balanço do Dieese. Segundo a publicação, outros 25% das unidades de negociação resultaram em reajustes em valor igual à inflação e apenas 7% ficaram abaixo desse patamar. A variação real média dos percentuais aplicados sobre os salários em 2018 foi de 0,47%.

Segundo a publicação, quase metade dos reajustes superiores à inflação tiveram ganhos de até 0,5%; pouco mais de um quarto aferiram ganhos entre 0,51% e 1% e cerca de 22% apresentaram ganhos entre 1,01% e 2%. Já os reajustes inferiores à inflação ficaram concentrados nas faixas de até -0,5% (quase metade dos reajustes abaixo da inflação) e de -0,51% a -1% (pouco mais de um quarto dos reajustes abaixo da inflação). Segundo o Dieese, o resultado é mais favorável do que o registrado nos três anos anteriores, em especial quando comparado aos dos anos de 2015 e 2016.

O quadro, como mostra o gráfico abaixo retirado da publicação, é melhor que em 2015, 2016 e 2017. Porém, o próprio Dieese pondera que “a recuperação ainda é frágil e muito suscetível aos fatores conjunturais da economia, mais notadamente à variação da inflação no período.” O instituto ainda aponta que persiste o baixo nível de atividade econômica no país e o alto desemprego, o que mostra que, apesar dos reajustes, a situação no geral continua muito precária. É preciso ponderar também que favorece ajustes acima da inflação o fato de que esta tem estado em patamares inferiores aos do pico da crise. Além disso, o Dieese pondera que a reforma trabalhista afetou a ação sindical dos trabalhadores e seu poder de barganha. “Isso posto, é positivo que 93% das categorias acompanhadas pelo SAS-Dieese e 91% das categorias com reajustes registrados no Mediador tenham alcançado ao menos a recomposição salarial no ano de 2018.”

 

No entanto, ao se considerar o Índice de Custo de Vida do Dieese como deflator das negociações coletivas de 2018, o quadro se altera e fica pior para os trabalhadores: neste caso, apenas 31% das categorias analisadas tiveram aumentos reais no ano passado; quase 2% reajustes iguais à variação do índice e 67% reajustes inferiores ao índice. Segundo o ICV-Dieese, a variação real média dos reajustes foi de -0,21%.

 

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