Apesar da patente falta de dinamismo da atividade econômica do país e da persistência de um quadro de demanda gravemente deprimida, o governo Bolsonaro insiste em sua estratégia de enfrentar a estagnação por meio de estímulos à oferta e absoluto desprezo em relação a qualquer política de apoio à demanda.

Fiéis à ideologia ultraliberal e empenhados na defesa dos interesses rentistas, os membros da equipe econômica de Paulo Guedes oferecem à sociedade brasileira um cardápio ainda mais amargo para 2020, prevendo forte redução dos gastos do governo federal e em especial dos investimentos públicos, que deverão representar apenas 0,27% do PIB.

Créditos: Carolina Antunes/Agência Brasil

Cardápio insosso para o Brasil

A estratégia, entretanto, para malogro da nação, não corre o risco de dar certo. Como sobejamente demonstram os resultados econômicos dos últimos anos, os sucessivos cortes do investimento público, além de representarem muito pouco em termos fiscais, têm sido acompanhados por quedas análogas dos investimentos do setor privado, a ponto de o país estar registrando nos últimos três anos os menores patamares da taxa de investimento desde 1947.

Como se não bastasse a insistência criminosa com a política de austeridade e em especial com os sucessivos cortes dos investimentos públicos, é ainda mais estarrecedora a informação de que o governo pretende utilizar os prováveis R$ 53 bilhões que poderão engordar as receitas da União quando for realizado o leilão do excedente da cessão onerosa do Pré-Sal (previsto para janeiro de 2020) apenas e exclusivamente para abater a dívida da União junto ao mercado. Segundo o secretário especial do Ministério da Economia Waldery Rodrigues, as receitas extraordinárias não deverão abrir espaço para o crescimento das despesas discricionárias, mas servirão para reduzir o déficit primário projetado para 2020 da atual meta de R$ 124 bilhões para cerca de R$ 71 bilhões.

Considerando que o país está mergulhado na pior recuperação pós-recessiva da história, que quase 30 milhões de brasileiros encontram-se desempregados ou subutilizados, que a ociosidade do setor industrial mantém-se no patamar de 25% e que os serviços públicos essenciais estão colapsando, resta à sociedade brasileira lutar, no parlamento e nas ruas, para que as barbaridades irresponsáveis do ministro Paulo Guedes não se realizem.

`