Primeiro-ministro renuncia na Itália e desfaz governo de direita
A aliança entre os dois partidos que hoje governam a Itália, o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a fascista Liga Norte chegou ao fim. Após a tentativa de Matteo Salvini, líder da Liga, de propor um voto de desconfiança, sem maiores justificativas, o primeiro-ministro, Giuseppi Conte, renunciou ao cargo no dia 20/08. O M5S e a Liga governavam juntos desde 2018, com uma agenda populista e contra imigrantes.
Nas eleições de março do ano passado o M5S obteve mais de 30% dos votos e a Liga, 17%. Foram meses de negociações para a formação do governo, que apostou em uma retórica dura contra os imigrantes e a União Europeia, ao mesmo tempo que rechaçava as medidas de austeridade impostas por esse bloco. Inclusive, um dos impasses nesse período foi a indicação de Paolo Savona, que possui posição anti-Euro, para a pasta da Economia pois, na visão do presidente italiano Sergio Mattarella, o mercado iria ficar instável pela incerteza gerada por uma possível saída da Itália da Zona do Euro.
No fim, Conte acabou sendo diplomado como primeiro-ministro, tendo Salvini como vice e ministro do interior. Entretanto, o último teve o papel mais protagonista frente ao governo durante quase um ano e sempre lembrado por seu posicionamento intolerante e xenófobo. Foi ele, por exemplo, que encabeçou a ação de bloquear navios com mais de 600 pessoas vindas da África de atracar em solo italiano, o que gerou atrito com a Espanha e a França.
Atualmente, Salvini possui alta popularidade no país, apesar do mau desempenho da economia, com 40% de apoio favorável da população. Este percentual, se concretizado em uma eleição, lhe daria maioria no parlamento. A popularidade já havia se refletido no seu partido, a Liga Norte, que venceu as eleições para o Parlamento Europeu na Itália em maio passado com 30% dos votos, enquanto o M5S ficou apenas em terceiro lugar. Assim, sua estratégia foi provocar novas eleições que ocorreriam em outubro ou novembro próximos para formar um governo liderado pela Liga e de preferência sem coalizões.
No entanto, foi uma jogada com resultados incertos, pois aventa-se a possibilidade da formação de um novo governo composto pelo M5S e pelo Partido Democrático que, apesar de fortes adversários no passado, começam a avaliar essa possibilidade. Se isso acontecer, em princípio, somente haveria eleições em 2022 ou 2023.