Fórum Social Mundial 2006 – Caracas – Venezuela

Em parceria com o Instituto Maurício Grabois e a Frente Cívico-Militar Bolivariana, a Fundação Perseu Abramo realizou o seminário "Integração Solidária: caminho para o desenvolvimento da América Latina", na tarde do dia 26 de janeiro, no teatro Teresa Carreño, em Caracas, na Venezuela, durante o Fórum Social Mundial policêntrico de 2006. Abordando um dos pontos altos de discussões do FSM 2006, o evento contou com a participação de cerca de 350 pessoas, que lotaram o teatro, deixando um bom número de pessoas de fora, o que constata o interesse do público pela questão, principalmente entre os venezuelanos, que eram maioria entre os presentes.

Bastante representativa, a mesa foi composta por Rircardo Alarcón, presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular em Cuba; Rafael Correa Flores, secretário geral do Parlamento Latino-americano; Luis Cabrera Aguirre, assessor da Frente Cívico Militar da Venezuela; Hugo Yasky, secretário de Formação da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA); Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência do Brasil; Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT; Selma Rocha, diretora da Fundação Perseu Abramo; Adalberto Monteiro, presidente do Instituto Maurício Grabois (IMG); e José Reinaldo de Carvalho, secretrio de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Ricardo de Azevedo, vice-presidente da Fundação Perseu Abramo, fez avaliação bastante positiva do seminário e destacou o consenso entre as intervenções dos participantes. Para ele, essa integração entre a América Latina deve contar com ações não só dos governos, mas também das organizações sociais e partidos políticos e deve se dar em todos os âmbitos – econômico, social, político e cultural.

É importante destacar a importância do Brasil, sob o comando do governo Lula, nesse processo de integração, pelo peso que o país representa para a América Latina, destaca Ricardo. Porém, "as particularidades de cada país são importantes no processo. Todos têm um papel importante", lembra ele. O governo brasileiro, por sua vez, deve ser lembrado por sua atuação direta em momentos de crise, por exemplo, na Venezuela e Bolívia, e principalmente por sua contribuição impulsionando o Mercosul e a Comunidade Sul-Americana das Nações.

Outro fator importante para a integração solidária são as recentes vitórias da esquerda nas eleições de Evo Morales, na Bolívia e de Michelle Bachelet, no Chile. "Até então, havia 4 países engajados no processo de superação do modelo neoliberal – Brasil, Venezuela, Argentina e Uruguai. Agora, com certeza, temos a inclusão da Bolívia e abrem-se possibilidades para o Chile somar-se ao processo", avalia Azevedo.

Com todos esses avanços da esquerda na América Latina, fica cada vez mais próximo o objetivo de que ela se consolide como um pólo – econômico, social, político e cultural – consistente. Na opinião de Azevedo, para atingir essa consolidação é necessária uma ação mais concertada entre os governos e movimentos sociais desses países, além da ampliação do grupo, com inclusão de outros países. Nesse sentido, as eleições que irão acontecer esse ano no Peru e no México serão importantes, "principalmente no México, que atualmente desempenha o papel de fiel cão de guarda do neoliberalismo", ressalta Ricardo.

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