Recebido com protestos na Plaza de Mayo, Jair Bolsonaro (PSL) fez sua primeira visita de Estado à Argentina no dia 5 de maio, onde se encontrou com o presidente Mauricio Macri da coalizão de direita Cambiemos e fez uma declaração a seu favor, já que o argentino está na disputa por sua reeleição em outubro. Outros temas como o Mercosul e o acordo do bloco com a União Europeia também foram discutidos.

Tanto Bolsonaro quanto Macri fazem parte de um movimento de retorno da direita e extrema-direita aos governos da América Latina. Apesar do segundo ser mais moderado e não pautar seu discurso em combate às minorias, os dois possuem uma agenda econômica similar, de defesa do livre comércio e de menos interferência do Estado na economia, bem como na política externa ambos se alinham aos Estados Unidos.

Bolsonaro, no discurso que fez em favor de Macri, apoiou as políticas tomadas pelo argentino e disse que era necessário que ele vencesse em outubro pois, se isso não ocorresse, o país poderia virar uma nova Venezuela já que a principal concorrente à presidência e a favorita segundo pesquisas é a chapa formada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner.

Além do fato de até em falas em outros países o brasileiro retomar chavões da campanha eleitoral, se levarmos em conta a crise econômica que os venezuelanos vivem, a Argentina já caminha a passos largos nesse caminho graças, justamente, às políticas feitas por Macri e defendidas por Bolsonaro. Cenas relacionadas à Venezuela, como filas para comprar comida em supermercados, foram vistas também na Argentina nos últimos anos. E em 2018, bateu os 50% de inflação, a segunda maior da América Latina.

Em relação ao Mercosul novamente se escutou que durante os governos anteriores do bloco, de esquerda, ele ficou travado por questões ideológicas e que agora o livre comércio iria destravá-lo, sendo uma das principais ações nesse sentido a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia. Entretanto, isso não se verifica já que nos anos 2000 o comércio intra-bloco no Mercosul cresceu exponencialmente, sendo inclusive nesse período que o Brasil tornou-se superavitário.

O objetivo de Bolsonaro e Macri ao desqualificar o Mercosul é, na realidade, desqualificar a integração sul-americana e sua autonomia frente aos Estados Unidos. Os dois defendem maior aproximação e subordinação aos interesses americanos. Não à toa fizeram parte do desmantelamento da Unasul e da criação do ProSul, um bloco desde seu começo submetido à Washington. Tanto aqui, como no nosso vizinho, o que vemos é mercado acima de tudo, e os Estados Unidos em cima de todos.

`