Ex-ministros do Meio Ambiente criticam Bolsonaro em encontro
Ex-ministros do Meio Ambiente dos governos de Collor a Temer se encontraram no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, na capital paulista, para discutir a atual política ambiental brasileira e estabelecer um posicionamento crítico ao novo governo.
Pela primeira vez no Brasil, oito ex-ministros do executivo federal de diferentes posições político-partidárias se reuniram movidos pela preocupação dos rumos que a política do Meio Ambiente vem tomando no governo Bolsonaro.
Por unanimidade, os ministros que atuaram nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer indicaram haver um verdadeiro desmonte do Ministério do Meio Ambiente, no qual ações do período recente reduzem a capacidade de formulação e implementação de políticas ambientais de qualidade.
Os participantes acusam a gestão de Bolsonaro de desconstruir as políticas ambientais implementadas desde o início dos anos 1990, com destaque ao enfraquecimento dos órgãos institucionalizados de proteção e fiscalização ambiental, tais como o Ibama e ICMbio. Participaram do evento os ex-ministros José Carlos Carvalho, Edson Duarte, José Goldemberg, Carlos Minc, Rubens Ricupero, José Sarney Filho, Marina Silva e Izabella Teixeira.
Na prática, as ações de Bolsonaro contra a pauta ambiental se iniciaram com a quase extinção do Ministério do Meio Ambiente e desejo de excluir o Brasil do Acordo de Paris. Ambas ideias não foram colocadas em prática por pressão do agronegócio, que temia perder fatia do mercado exportador devido ao não comprimento dos acordos internacionais de redução dos gases de efeito estufa.
Apesar de não ter extinguido o Ministério de Meio Ambiente, Bolsonaro reduziu suas funções, transferindo a área de serviço ambiental e de recursos hídricos para outras pastas. Em seus poucos meses de governo, vem implementando ações de redução do orçamento da política climática, de flexibilização das multas por crimes ambientais, de redução do alcance do licenciamento ambiental, vislumbrando reduzir o papel das unidades de conservação da sociobiodiversidade.