Foi suspenso mais um repasse de verbas que seria direcionado ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os cerca de oitocentos milhões de reais agora suspensos se somam ao não repasse de seis bilhões de reais para a safra 2018/2019. Estes cortes prejudicam a produção e competitividade de toda uma cadeia de pequenos produtores, em sua maioria formados por famílias camponesas, assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, extrativistas, caiçaras, ribeirinhos e pescadores artesanais, entre outros.

Com o faturamento em 2018 de cerca de 55,2 bilhões de dólares, a agricultura familiar brasileira, por si só, seria a oitava maior produtora de alimentos do mundo. Ela serve de base para a economia de 90% dos municípios do país com até vinte mil habitantes e contempla mais de 70% dos brasileiros ocupados no meio rural. Ela é ainda responsável pela produção de 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café, 21% do trigo, 60% do leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.

Desestruturar esta cadeia produtiva vai além da falta de respeito com esta população, pois não se pode desconsiderar economicamente o setor responsável pela produção de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, uma vez que o agronegócio prioriza a exportação. O viés ideológico e mercadológico da atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina, parece bater de frente com um setor que se fortaleceu econômica, cultural e politicamente a partir da implantação da Lei da Agricultura Familiar, em 2006.

Por outro lado, o agronegócio vem recebendo significativos afagos legais e financeiros nesta gestão. Em recente fala em um evento do Núcleo de Formação, Pesquisa e Extensão em Agroecologia (Nater-MT) a ministra declarou que deseja “acabar” com o nome “agricultura familiar”. Para bom entendedor…

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