O golpista Juan Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos e países latino-americanos aliados a Donald Trump, como o Brasil, Colômbia, Chile, entre outros, tentou mais uma vez usurpar a presidência de Nicolás Maduro e novamente fracassou. A tentativa do dia 30 de abril focou nas Forças Armadas, mas no fim não teve apoio expressivo nem dos próprios militares, nem da população.

Desde o começo do ano Guaidó pretende se apossar do governo venezuelano e destituir Maduro. No dia 23 de janeiro, ele, que até então era o líder da Assembleia Nacional que inclusive já havia sido substituída pela Assembleia Constituinte, se autoproclamou presidente interino do país. Entretanto, a mobilização popular a seu favor, bem como a internacional, não foram suficientes, já que Maduro também possui apoio de grande parte da sociedade venezuelana. As tentativas de obter reconhecimento internacional por meio da OEA e do Conselho de Segurança da ONU também fracassaram ao não obter os votos necessários e devido à oposição de países como a China, Rússia e África do Sul.

A segunda tentativa ocorreu um mês depois, no dia 23 de fevereiro. Guaidó, apoiado por Brasil, Colômbia, Chile e Estados Unidos tentou forçar a entrada de “ajuda humanitária” na Venezuela. Mais uma vez não deu certo. Maduro fechou as fronteiras do país e órgãos internacionais especializados em ajuda humanitária, como a Cruz Vermelha, não reconheceram o movimento de Guaidó, pois esse tipo de ajuda deve ser feito de maneira imparcial, sem finalidades políticas, o que claramente não era o caso.

A terceira e última tentativa, a do dia 30 de abril, foi uma ação para mostrar que, supostamente, as Forças Armadas estavam se rebelando contra Maduro, já que um dos pilares de apoio ao atual governo venezuelano são os militares. A própria tentativa anterior, da “ajuda humanitária”, foi nesse sentido de fazer com que os militares, ao verem os caminhões portando remédios e comida tentarem entrar no país se solidarizassem e se virassem contra Maduro, o que não aconteceu.

Guaidó, conjuntamente com Leopoldo López e alguns militares, gravaram um vídeo na base aérea de La Carlota, que é próxima da capital Caracas, convocando as Forças Armadas a se posicionarem contra Maduro. Entretanto, o movimento a favor do presidente foi importante, milhares de pessoas demonstraram seu apoio à Maduro em frente ao Palácio de Miraflores e o chefe das Forças Armadas, bem como o ministro da Defesa, reafirmaram sua lealdade a Maduro.

No fim, os militares, todos de baixa patente, que participaram do vídeo pediram asilo ao Brasil. López foi para a embaixada da Espanha e Guaidó poderá ser preso. Mesmo nos Estados Unidos há controvérsias no interior do governo, pois ficou explícito o envolvimento do governo Trump na tentativa de golpe. Porém, alguns generais não se puseram de acordo com a iniciativa aparentemente patrocinada apenas pelo secretário de Estado, Mike Pompeo e pelo assessor de Segurança Nacional, John Bolton. Este chegou a afirmar publicamente que havia promessa de apoio ao golpe por parte de três altas autoridades venezuelanas, que não teriam cumprido este acordo. Provavelmente, trata-se de uma operação de desinformação para “queimar” estes nomes diante do governo venezuelano.

Ao mesmo tempo, a embaixada venezuelana em Washington segue ocupada por militantes estadunidenses que apoiam o governo Maduro para evitar que o edifício seja tomado por enviados de Guaidó, uma vez que o mesmo foi esvaziado em janeiro quando Estados Unidos e Venezuela romperam relações diplomáticas.

Por outro lado, apesar do fracasso do golpe, ainda há manifestantes da oposição à Maduro nas ruas de Caracas e outras cidades. A solução terá que ser política, mas isso dependerá da disposição dos dois lados de reconhecerem que não há solução de força para a atual disputa política.

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