Saída do Brasil da Unasul enfraquece soberania
Na segunda-feira, 15 de abril, o Itamaraty informou que o Brasil oficializou a sua saída do bloco União das Nações Sul-Americanas (Unasul). A informação foi reforçada pelo presidente Jair Bolsonaro em seu Twitter. O episódio marca o constante enfraquecimento de um projeto soberano de política externa, bem como uma guinada nas relações entre os países da América do Sul com os Estados Unidos.
A Unasul foi criada em 2008 quando a maioria dos países da nossa região tinham governos progressistas encabeçados por presidentes como o brasileiro Lula, o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e a argentina Cristina Kirchner. Posteriormente, o que mais se destacou no bloco foi a área da segurança com a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) e as mediações feitas em alguns conflitos entre países vizinhos como Venezuela e Colômbia e Equador e Colômbia.
Tanto a criação da Unasul, como de outros blocos regionais, por exemplo a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), foram importantes para reafirmar a soberania dos países membros frente aos Estados Unidos e Canadá. Em nenhum destes blocos os americanos do norte tinham representação ou voz ativa, ao contrário do que acontecia na Organização de Estados Americanos (OEA).
Porém, desde o término do período progressista e a ascensão de governos de direita e extrema-direita na América Latina, como os casos de Bolsonaro, Mauricio Macri na Argentina e Sebastián Piñera no Chile, esses blocos citados foram questionados e enfraquecidos. Seis países, entre eles o Brasil, já haviam suspendido a sua participação na Unasul em abril de 2018, após desavenças com os únicos países que ainda resistem e possuem governos progressistas como a Bolívia, Venezuela e Uruguai.
Ao saírem da Unasul, os governos de direita criaram um bloco chamado ProSul, que foi ratificado em reunião no Chile no mês passado. Até agora não se sabe bem como este irá funcionar, apenas que é apoiado pelos Estados Unidos e seu presidente, Donald Trump. Todos signatários, incluindo Bolsonaro, pregam um maior alinhamento dos países à política externa americana e, assim, um projeto de soberania para a região é abandonado, além de ser um absurdo criar projetos com dimensão exclusivamente ideológica. Se não faz sentido ter uma ONU de direita e outra de esquerda, tampouco o faz termos duas organizações regionais.