Jair Bolsonaro insistiu na exploração econômica das terras indígenas em reunião realizada no dia 17 de abril, às vésperas do dia do índio, a ser comemorado no dia 19. Participaram o ruralista e secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), general Franklimberg Ribeiro de Freitas, os ministros general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e lideranças dos Pareci, Ianomami, entre outras.

Em seu discurso preconceituoso e xenófobo, desrespeitando mais uma vez o modo de vida e direito de escolha dos povos indígenas, Bolsonaro afirmou que vivem em seus territórios “como se fossem um animal pré-histórico. Vocês são seres humanos…”, e que “não justifica viver nessa situação (de pobreza) com a riqueza que vocês têm…”

Acusou as ONGs internacionais que atuam em territórios indígenas de escravizarem os índios, as chamou de “picaretas” e disse que os índios não precisam de intermediários que não tem compromisso com os indígenas e os usam “para se dar bem”.

Bolsonaro criticou também a atuação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ameaçou demitir sua diretoria “para não atrapalhar quem quer o progresso.”

O que Bolsonaro e Nabhan Garcia querem é reverter as demarcações, atualmente sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, para explorar economicamente as terras indígenas e desenvolver atividades de mineração e agropecuária em seus territórios. “Tem terra indígena que dá para fazer hidrelétrica. Se vocês concordarem, é rápido, não tem que ter intermediário. A gente vai buscar leis para mudar isso. Vai ter royalties. Embaixo da terra há trilhões de dólares”, disse.

Consideram os índios os maiores latifundiários do país e afirmou que vai defender a exploração das terras independente de laudos ambientais ou da Funai. “Vocês têm terra, bastante terra, vamos usar essa terra.”

Segundo a liderança indígena e ex-candidata à vice-presidência da República pelo Psol Sonia Guajajara, em pouco mais de três meses do governo Bolsonaro já é possível observar uma série de retrocessos para os povos indígenas, com o aumento significativo de conflitos em zonas rurais, por conta do discurso de ódio e contra “invasões” de terras. “Estamos na linha de frente como os primeiros a serem atacados, porque o projeto do governo é de crescimento econômico com base em destruição”, comentou.

Os índios reclamam de ações violentas da Polícia Federal e do Exército em aldeias e se preocupam com o Acampamento Terra Livre, um encontro de comunidades indígenas que acontece todos os anos e ocorrerá na próxima semana, em Brasília, para marcar o dia do índio e discutir suas demandas. O governo autorizou o uso da Força Nacional de Segurança na Esplanada dos Ministérios para evitar protestos de indígenas durante o evento, na próxima semana.

`