O presidente Jair Bolsonaro participou de seu primeiro compromisso internacional no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ao todo, estão na cúpula cerca de sessenta chefes de Estado e de Governo. Mas líderes das principais potências econômicas, como o norte-americano Donald Trump, o chinês Xi Jinping, o francês Emmanuel Macron, e a britânica Theresa May, não estiveram presentes, o que fez com que a presença de Jair Bolsonaro ganhasse destaque.

Em seu primeiro dia no Fórum (22 de janeiro), com pouco o que dizer, utilizou apenas seis dos 45 minutos que a organização do evento havia reservado para ouvir do presidente do maior país da América do Sul. Em um discurso conciso, titubeante e superficial, limitou-se a criticar os governos anteriores, fez referências à reforma da Previdência, à abertura econômica e disse ter assumido a Presidência em meio a uma crise e que a “questão ideológica deixará de existir” nas relações diplomáticas.

A plateia decepcionada reagiu com poucos aplausos e ficou com a impressão de que o discurso mais tentou vender o Brasil como atração turística, destacando as belezas naturais do país do que como um bom lugar para investimentos, objetivo do encontro. Logo após o discurso, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu cerca de mil pontos.

Bolsonaro ainda fugiu do almoço realizado pelos organizadores do Fórum, preferiu “turistar” com seu filho Eduardo e acabou almoçando no bandejão de um restaurante popular de um supermercado. Sem compromissos com encontros bilaterais no primeiro dia do encontro, delegou os diálogos com investidores e representantes de empresas e de governos para seus ministros Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). À noite, em reunião com empresários, afirmou que, por enquanto, o Brasil continua no Acordo de Paris sobre o clima.

As agendas bilaterais de Bolsonaro em Davos previam encontros com governos de direita que fazem parte de um movimento que contesta o globalismo e a abertura das fronteiras para a imigração, como Polônia, República Tcheca, Japão, Itália e Suíça. No entanto, o que mais chamou a atenção foi a “fraquejada” do presidente com o cancelamento da coletiva com a imprensa internacional, sem aviso prévio. O general Heleno justificou que Bolsonaro precisava descansar devido a seu estado de saúde.

A desculpa, no entanto, não justifica o cancelamento do restante da delegação brasileira em Davos, que cancelou a coletiva internacional de imprensa a cerca de quarenta minutos do horário marcado. Cancelamentos sem justificativas como o promovido pela comitiva do Brasil em Davos é pouco comum no encontro que é considerado uma das principais vitrines para atrair investimentos internacionais.

Parte da imprensa interpretou que o cancelamento da comitiva foi para que as falas dos ministros Sérgio Moro e Paulo Guedes não “tirassem o protagonismo” do presidente de seu primeiro compromisso internacional, mas tudo indica que o objetivo foi mesmo evitar os questionamentos sobre o envolvimento de seu filho Flávio Bolsonaro com a milícia do Rio de Janeiro, que vem se evidenciando.

Com essa postura é pouco provável que Bolsonaro volte a ser convidado para o encontro.

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