O longa-metragem 22 de julho retrata os atentados ocorridos na Noruega em 22 de Julho de 2011, quando um jovem cristão de extrema-direita cometeu dois atentados no país, ocasionando 77 mortes. A produção demonstra as graves consequências que discursos de ódio, preconceitos e a intolerância à diversidade de pensamentos, racial e de modo de vida podem gerar.

O filme inicialmente mostra a chegada de crianças e adolescentes a um acampamento de verão direcionado a pretensos futuros líderes políticos do país, organizado pelo Partido Trabalhista Norueguês (Arbeiderpartiet), na ilha de Utøya, há duas horas da capital Oslo. Lá, os jovens discutem temas como inclusão social, bem estar social e globalização, por exemplo.

A produção também dá bastante cobertura à ideologia extremista, mostrando os pontos de vista do terrorista norueguês Anders Behring Breivik, autor dos atentados. Após demonstrar grande descontentamento com as políticas social-democratas do governo e com o que chama de marxismo cultural, ele escreve um manifesto anticomunista. Na sequência ele se veste como policial e estaciona uma van com explosivos no estacionamento do prédio do primeiro-ministro norueguês, provocando a morte de oito pessoas. Enquanto o pânico se espalha pelo país, ele se dirige à ilha de Utøya, e, aos gritos de “morte aos comunistas”, assassina outras 69 pessoas.

É interessante observar o destaque que o filme dá aos hábitos e à forma de encarar o mundo dos noruegueses. Chama a atenção a calma e paciência que tanto o à época primeiro ministro Jens Stoltenberg, como os policiais e demais membros da Justiça, apresentaram para resolução do caso, coibindo o discurso de ódio contrário e contrastando com as palavras de intolerância e ódio proferidas pelo atirador.
O primeiro ministro ainda chegou a afirmar “…nossa democracia foi atacada por alguém que quer ver nossa democracia se tornar uma tirania, ver nossa humanidade desmoronar. Não podemos ceder a este terror. Em vez disso, temos que fortalecer nossos valores, e combater este terror como um Estado de direito, e não com o cano de uma arma”.

A produção, do diretor e roteirista britânico Paul Greengrass, possui diferentes ritmos, prendendo os espectadores seja nos momentos de ação e tensão de algumas cenas, nas de reflexão política ou ainda nas que transmitem a emoção e superação das vítimas. Premiado em festivais europeus, o filme apresenta uma mensagem libertadora e de perseverança, advertindo para o perigo da intolerância dos indivíduos, utilizada como uma fuga do enfrentamento de seus próprios medos.

Para quem desejar assisti-lo, o filme está disponível na plataforma Netflix desde outubro de 2018.

 

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