O dia 1º de dezembro marca duas efemérides importantes nos primeiros anos do Partido dos Trabalhadores. Foi nesse dia que o PT inaugurou sua primeira sede, em São Bernardo do Campo, em 1979. E foi na mesma data, um ano depois, que o PT recebeu, sob o número 10.965, seu registro provisório no Tribunal Superior Eleitoral.

O Centro Sérgio Buarque de Holanda, centro de documentação e memória da Fundação Perseu Abramo, que abriga o acervo histórico do Partido dos Trabalhadores, guarda documentos de ambos acontecimentos em seu acervo, que é aberto para busca. Em foto de Mauro di Deus, o Centro registra a imagem da entrega do pedido de registro provisório com Manoel da Conceição, Luiz Cechinel, Wagner Benevides, Luiz Inácio Lula da Silva, Olívio Dutra, Wanderly Farias, Jacó Bittar, José Ibrahim, Antônio Carlos de Oliveira, Hélio Doyle, Apolônio de Carvalho, Airton Soares, Freitas Diniz, Altino Dantas Junior, José Mentor, João Salles e Joaquim Arnaldo.

A criação de um Partido dos Trabalhadores vinha sendo discutida desde outubro de 1978, quando Lula lançou a tese no 3° Congresso dos Trabalhadores Metalúrgicos, no Guarujá (SP). Na época, ele argumentava que os trabalhadores precisavam eleger seus próprios representantes no Congresso Nacional. Em 13 de outubro de 1979 foi eleita a Comissão Nacional provisória do Movimento Pró-PT, coordenada por Jacó Bittar, presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas (SP). Dirigentes sindicais como Olívio Dutra, Manuel da Conceição e Luiz Dulci eram maioria na comissão.

A reunião de fundação do Partido dos Trabalhadores aconteceria em 10 de fevereiro de 1980, no auditório do Colégio Sion, em São Paulo. Foi a primeira legenda organizada após a reforma partidária que extinguiu o MDB e a Arena. A criação do PT surpreendeu a ditadura, que não contava com um partido de esquerda nascido de bases populares. Também surpreendeu setores da oposição que defendiam a formação de um partido social-democrata ou a permanência da esquerda no PMDB.

Como principal liderança do PT, destacava-se o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Luiz Inácio da Silva, o Lula, que desde 1978 desafiava a ditadura à frente de grandes greves. A ficha de filiação número um foi assinada por Apolônio de Carvalho, ex-dirigente comunista que lutou contra o fascismo na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa. Na sequência, assinaram o crítico de arte Mário Pedrosa, o crítico literário Antonio Cândido e o historiador Sérgio Buarque de Holanda, historicamente ligados à luta pelo socialismo no país.

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