Crescimento pífio não supre necessidades dos trabalhadores
A taxa de desocupação (11,7%) no trimestre móvel encerrado em outubro de 2018 variou -0,6 ponto percentual em relação ao trimestre maio a julho de 2018 (12,3%). Quanto ao mesmo trimestre móvel de 2017 (12,2%), houve queda de -0,5 ponto percentual. É o que mostra a PNAD Contínua, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Segundo a pesquisa, o Brasil apresentou no trimestre analisado 12,4 milhões de desocupados, número que era maior no trimestre anterior (mais 517 mil pessoas) e maior no mesmo trimestre do ano anterior (389 mil pessoas a mais). Já a população ocupada (92,9 milhões) aumentou 1,4% (mais 1,2 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de maio a julho de 2018 e 1,5% (1,4 milhão de pessoas) na comparação com o trimestre de agosto a outubro de 2017.
À primeira vista, esses dados podem parecer positivos, porém cresceram também o desalento e o emprego sem carteira: Quanto ao primeiro, o número de pessoas desalentadas (4,7 milhões) ficou estável em relação ao trimestre maio a julho de 2018 e subiu 10,6% em relação ao mesmo trimestre de 2017 (4,3 milhões). O percentual de pessoas desalentadas (4,3%) ficou estável em relação ao trimestre anterior e aumentou 0,4 ponto percentual contra o mesmo trimestre de 2017 (3,9%). Quanto ao emprego sem carteira, os números mostram que ele é o que mais tem crescido em todas as comparações, enquanto o emprego com carteira permanece estagnado. Tem crescido também o emprego por conta própria, que é reflexo da precariedade do mercado de trabalho brasileiro.
Outros resultados de interesse da pesquisa são relativos à subutilização, que é um conceito que ajuda a medir com maior precisão a precariedade no mercado de trabalho: ele mede o número absoluto e o percentual de pessoas que estão desocupadas, trabalham menos horas do que gostariam e desistiram de procurar emprego. A taxa de subutilização da força de trabalho chegou a 24,1% no período analisado, sendo que no trimestre anterior foi de 24,5% e no mesmo trimestre de 2017 de 23,8%. Em números absolutos, representou 27,2 milhões de pessoas, contra 27,6 milhões no trimestre anterior e 26,6 milhões no mesmo trimestre de 2017.
O acompanhamento dos dados da PNAD Contínua nos últimos meses mostra que o pífio crescimento econômico brasileiro não tem sido capaz de gerar postos de trabalho (de qualidade) de forma a absorver a mão de obra disponível e suprir as necessidades dos trabalhadores brasileiros. São ainda 27,2 milhões de trabalhadores subutilizados no país. E a reforma trabalhista, aprovada com a promessa de que geraria empregos e aumentaria a formalidade, já está em vigor há mais de um ano e, como já prevíamos, não foi capaz de sozinha aquecer o mercado de trabalho. Ao contrário, promoveu perda de direitos para os trabalhadores.