Esse país anda tão complicado que até notícia boa se transforma em coisa ruim. O pré-sal, brasileiro, por exemplo, conquista da Petrobras sob o comando de Lula, vai batendo seguidos recordes de produção, surpreendendo todas as estimativas dos especialistas e garantindo estabilidade às contas externas e maior conforto às contas públicas brasileiras.

Diante do relativo silêncio que se faz a respeito, é importante lembrar que há apenas quatro ou cinco anos, jornalistas agourentos tabelavam com especialistas de caráter duvidoso se de fato o pré-sal funcionaria. Entre muitas barbaridades que foram ditas sobre a aposta petista, sugeriam até que se tratava de uma monstruosa campanha de marketing dos governos de Lula e Dilma.

Em 2014, colhidas os primeiros barris de petróleo das profundezas azuis, deram a mão à palmatória, mas continuaram a torcer o nariz. Projetavam uma capacidade produtiva tímida, de “no máximo quinze mil barris/dia” e insistiam na inviabilização da produção por conta dos supostos altos custos de extração do petróleo em águas tão profundas (diziam que o custo mínimo giraria em torno de quarenta dólares o barril) frente a um preço internacional cadente.

Pois bem, o preço de fato caiu bastante no mercado mundial entre 2014 e 2016, com o barril chegando a ser negociado por menos de trinta dólares. Contudo, na medida em que os poços do pré-sal foram entrando em operação, o custo de produção caiu ainda mais rapidamente, para menos de dez dólares o barril, demonstrando a alta rentabilidade dessa nova fronteira de exploração descoberta pelos engenheiros da Petrobras.

Hoje, os poços do pré-sal já estão alcançando em média a marca de 45 mil barris/dia e o com o preço do barril oscilando entre sessenta e 75 dólares, os lucros da operação dispararam. Consequentemente, o volume produzido em 2018 deverá bater 2,9 milhões de barris, ajudando nossa Balanço Comercial a fechar no azul (o superávit com o petróleo deverá ser de 20 bilhões de dólares em 2018, isto é, um terço do total) e transferindo um extravagante volume de royalties às contas do Tesouro Federal, alcançando cerca de 56 bilhões de reais no próximo ano.
Suprema ironia, tanto o medíocre governo Temer quanto o staff ultraliberal de Bolsonaro que enche o peito para anunciar o feirão das estatais serão salvos pelos excelentes resultados conseguidos com o pré-sal, fruto da excepcional capacidade técnica da Petrobras e da obstinação de Lula que, desde o início de seu primeiro mandato, apostou com convicção neste generoso tesouro que não era enxergado pelas vistas afoitas das petrolíferas privadas.

Em tempo: antes que alguém retruque dizendo que os atuais vultosos resultados do pré-sal decorrem da gestão privatista de Pedro Parente ou das atividades das empresas estrangeiras que abocanharam os leilões feitos por Temer, vale frisar que um poço de petróleo em águas profundas leva de seis a oito anos para começar a produzir. Fazendo as contas, se descobre que foi exclusivamente sob Lula e Dilma que demos este grande salto para o país.

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