Escola “sem” partido quer retorno do Brasil pré-1988
Com frequência, o movimento Escola “sem” Partido usa o marco dos últimos trinta anos para insistir no avanço da “estratégia gramsciana”. Seria coincidência que os últimos trinta anos coincidem com a redemocratização e com a vigência da Constituição de 1988? É o que discute artigo de Fernando de Araújo Penna no livro “Escola “sem” Partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira“,
Segundo o autor, o movimento, surgido em 2004, não foi levado devidamente a sério pelos especialistas da área, justamente pela sua falta de lógica e embasamento, mas muito cresceu nas redes sociais e através de seu diálogo com o senso comum e em frases simplórias e diretas. Para os adeptos do movimento, existe a ideia de que há uma conspiração que controla tudo: “a escola, o sistema educacional, está dominado por um grupo”, no caso o PT (mesmo este não mais estando no Executivo Federal).
Penna chama a atenção em seu capítulo para analogias desumanizantes utilizadas pelo movimento, ainda mais agressivas nas redes sociais,
na forma de memes. “Imagens com vampiros morrendo com estacas no coração são compartilhadas acompanhadas dos seguintes dizeres: “a afixação desse cartaz nas salas de aula – como prevê o PL do Escola sem Partido – terá o efeito de uma estaca de madeira cravada no coração da estratégia gramsciana que vampiriza os estudantes brasileiros há mais de trinta anos”.
O autor chama a atenção: “O recorte não é casual e eles insistem nesse recorte em vários momentos: trinta anos, grosso modo, é o período da nossa redemocratização”. Então, a educação neutra era aquela que acontecia durante a ditadura militar?