Impactos da austeridade sobre os direitos humanos das mulheres
Relatório de Juan Pablo Bohoslavsky, especialista independente sobre Direitos Humanos da ONU, discute os impactos da austeridade para os direitos humanos das mulheres em texto lançado em 7 de novembro em evento da Fundação Friedrich Ebert, em Buenos Aires. O texto, em espanhol, pode ser acessado aqui.
Segundo o relatório, o trabalho de cuidado não remunerado das mulheres sustenta o crescimento econômico, absorve injustamente as crises econômicas e compensa as medidas de austeridade. Enquanto isso, nos trabalhos remunerados, ele aponta uma desigualdade salarial entre homens e mulheres e que milhões de mulheres têm péssimas condições de trabalho e postos com baixos salários e sem proteção social. Por outro lado, demonstra que as medidas de flexibilização do trabalho que em geral acompanham a austeridade agravam ainda mais a situação da mulher.
O autor mostra que, em algumas regiões, a austeridade representa um perigo triplo para as mulheres, pois: i) elas sofrem como trabalhadoras do serviço público; ii) como usuárias dos serviços e principais beneficiárias da seguridade social; iii) tem repercussões concretas no trabalho de cuidado.
Por fim, o relatório cita o Brasil como um exemplo negativo pela Emenda Constitucional 95: segundo o autor, devido à Emenda, desde 2017 não se constroem novos abrigos para mulheres, sendo que o país tem uma das maiores taxas de feminicídio do mundo e tem crescido a violência contra a mulher.