Em 02 de outubro, Jamal Khashoggi, jornalista saudita crítico à monarquia que comanda o seu país, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, e nunca mais foi visto. Até agora há fortes indícios de que tenha sido um crime político e premeditado por autoridades ligadas à família real saudita. Vários países já se posicionaram criticamente e a Arábia Saudita vem mudando as versões sobre o acontecido, encontrando-se na defensiva no momento.

Segundo gravações e informações vazadas pela imprensa, Khashoggi foi assassinado brutalmente. Depois de ter entrado no consulado, foi imobilizado, drogado e esquartejado com uma serra elétrica, enquanto ainda estava consciente. Tudo isso durou cerca de sete minutos. Rumores dizem que o governo turco, de Recep Tayyip Erdogan, possui áudios do ocorrido, bem como gravação de uma conversa no Skype durante o crime com uma pessoa próxima ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.

A Arábia Saudita é controlada desde sua criação pela dinastia da casa de Saud ou, em outras palavras, é um país historicamente sob comando de uma ditadura “familiar”. Sua riqueza e importância no cenário internacional são provenientes do petróleo, produto que é a base da economia saudita. No Oriente Médio, é um país influente, sobretudo nos Emirados Árabes, Bahrein e Kuwait e está intervindo militarmente, desde 2015, no Iêmen, o que já tirou a vida de milhares de pessoas inocentes.

Os países da Europa e os Estados Unidos possuem, pelo menos até então, relação positiva com a Arábia Saudita. Todos estes lucraram muito com a venda de armas para o exército saudita. No caso dos americanos, os laços são bem mais estreitos, já que seu atual presidente, Donald Trump, vê o país como seu principal aliado estratégico no Oriente Médio e, inclusive, sua primeira viagem internacional depois de assumir a Presidência foi para o território saudita, onde assinou acordo bilionário de venda de armamentos.

Com o assassinato de Khashoggi, a relação entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos pode ficar abalada. O jornalista escrevia para o The Washington Post, jornal americano de grande circulação, e residia no país desde 2017. Em um primeiro momento, Trump disse ser crível a versão contada pela família real saudita e que confiava nela. Porém, com as informações vazadas, criticou a Arábia Saudita por ter tentado encobrir o caso e que isso teria sido um grande fiasco. Mesmo assim, ao que tudo indica, a venda de armas ao exército saudita não irá cessar.

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