O filme “No” (“Não”), dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Gael García Bernal, retrata o plebiscito ocorrido no Chile em 1988 sobre o apoio da população chilena ao regime ditatorial dos militares que depôs o presidente Allende, no poder desde o golpe de 11 de setembro de 1973. Votariam “sim” os que apoiassem os militares e “não” os que não apoiassem os militares.

O enredo gira em torno de René Saavedra (Bernal), publicitário que coordenou a campanha pelo “não”. O grande desafio da equipe foi a de comunicar a oposição ao regime ditatorial (fazer crescer o “não”), mas fazê-lo de forma positiva e propositiva. Assim, a campanha que no início buscava utilizar imagens fortes e pesadas sobre a ditadura e o autoritarismo dos militares chilenos sob Pinochet passou a utilizar imagens mais leves e propositivas, trocando o medo pela esperança. Assim, a imagem que se solidifica como símbolo do “não” é um arco-íris, o que inicialmente não é levado a sério por ninguém, mas se mostra uma excelente marca para o contexto chileno.

O filme retrata a grande responsabilidade que recai sobre a equipe que planeja a campanha do “não” e os riscos que eles pessoalmente correm ao se opor à ditadura. O plebiscito, que fora visto inicialmente pelo governo ditatorial chileno como uma mera formalidade para satisfazer a opinião internacional, acaba saindo do controle e o “não” vence, colocando fim à ditadura.

O filme não é um guia nem contém uma “receita de bolo” a ser aplicada em outros contextos. No entanto, o ocorrido no Chile, retratado por este filme, é uma inspiração para derrotar o autoritarismo que novamente quer se impor (desta vez no Brasil), incidindo luz sobre a necessidade de sermos positivos e propositivos, mesmo diante do desafio de desnudar a barbárie do projeto de país que quer se impor para nós.

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