Na terça-feira, 25de setembro, começaram as discussões da Assembleia Geral da ONU. Como já é de praxe, o primeiro discurso do evento foi do Brasil, desde 2016 representado pelo golpista Michel Temer, que falou em tom de despedida. O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também renovou uma tradição: fez mais um discurso desastroso, em que ataca o multilateralismo e que até mesmo arrancou risos da plateia.

Temer e Trump mostraram posturas bem diferentes em relação a como seus respectivos países olham para o cenário internacional. Temer, assim como em outras ocasiões, disse que o Brasil defendia o multilateralismo, com vistas a superar a onda isolacionista e intolerante, bem como uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, reivindicação antiga dos brasileiros. Por outro lado, Trump continuou a atacar o multilateralismo e suas instituições, inclusive a própria ONU, já que uma das principais marcas de seu governo é o crescente isolacionismoe a defesa de medidas que pregam a xenofobia.

Nesse sentido, outra diferença é fundamental, já que, enquanto Trump tem relativo êxito na sua política externa, por mais que essa seja negativa para grande parte do mundo, a política externa de Temer foi, no mínimo, péssima. É preciso lembrar que a expectativa do governo Temer era de que a candidata dos Democratas, Hillary Clinton, ganhasse as eleições americanas, pois, com isso, seria mais fácil alinhar os interesses brasileiros aos dos Estados Unidos no cenário internacional. Mas, como sabemos, não foi isso que ocorreu, e com a chegada de Trump o projeto que Temer propunha foi por água abaixo, ainda mais com o crescente isolacionismo também de países da Europa, outro polo de interesse da política externa do governo golpista.

Entretanto, uma semelhança foi evidente nos discursos de Temer e Trump. O segundo, ao elogiar sua administração e dizer que esta havia feito o que nenhuma conseguiu fazer logo no começo da sua fala, arrancou risos da plateia. Temer, por seu turno, também fez elogios ao próprio governo, dizendo que entregará o Brasil melhor do que recebeu. Não teve risos, igual Trump, mas se lá estivesse a população brasileira com certeza haveria risos ou vaias. O que nos resta é esperar que em 2019 o discurso do Brasil seja feito por um presidente digno e legítimo.

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